Ciência

Vacina russa contra covid-19 induz resposta imune em testes preliminares

Primeiros resultados divulgados apontam que vacina é segura e não causou efeitos colaterais graves nos voluntários

Vacina: Rússia divulgou resultados de proteção desenvolvida no país (David Talukdar/Getty Images)

Vacina: Rússia divulgou resultados de proteção desenvolvida no país (David Talukdar/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 4 de setembro de 2020 às 08h00.

Última atualização em 4 de setembro de 2020 às 08h06.

Os primeiros resultados da vacina contra o novo coronavírus que está sendo produzida pelo Instituto Gamaleya, na Rússia, foram divulgados nesta sexta-feira, 4, na prestigiada revista científica The Lancet. Segundo o estudo a "Sputnik V" foi capaz de induzir resposta imune nos voluntários e se mostrou segura nos testes de fase 1 e 2.

Os testes foram feitos de forma randomizada com 76 pessoas em hospitais russos, com idades de 18 a 60 anos, que praticaram o distanciamento social a partir do momento que se voluntariaram para os testes e ficaram no hospital por até 28 dias.

A publicação afirma que a vacina não causou nenhum efeito colateral grave em 42 dias após a vacinação e conseguiu induzir a resposta dos anticorpos em todos os participantes em até 21 dias.

Os resultados, que passaram por revisão de pares, também sugerem que a vacina russa conseguiu produzir uma resposta das células T em até 28 dias, mas mais estudos precisam ser feitos para comprovar a hipótese.

A vacina teve duas fases pequenas de 42 dias --- uma delas estudou uma formulação congelada e a outra uma versão desidratada da vacina. O que foi descoberto é que a vacina congelada é melhor para ser produzida em larga escala e preencher os estoques globais, enquanto a segunda opção é melhor para regiões de difícil alcance.

A vacina russa é baseada no adenovírus humano fundido com a espícula de proteína em formato de coroa que dá nome ao coronavírus.

É por meio dessa espícula de proteína que o vírus se prende às células humanas e injeta seu material genético para se replicar até causar a apoptose, a morte celular, e, então, partir para a próxima vítima.

"Quando vacinas de adenovírus entram nas células humanas, elas passam o código genético da espícula do SARS-CoV-2, o que faz com que as células produzam, por si só, as proteínas necessárias. Isso ajuda o sistema imune a reconhecer e atacar o vírus", explicou o Dr.Denis Logunov à The Lancet.

No mês passado a Rússia foi o primeiro país a registrar uma vacina contra o coronavírus no mundo, apesar da desconfiança global causada pela falta de estudos que comprovassem a eficácia da proteção.  Também em agosto, o país informou que promoverá uma vacinação em massa já em outubro deste ano.

Quais são as fases de uma vacina?

Para uma vacina ou medicação ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes. A fase 1 é a inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina ou o remédio produz, sim, imunidade contra um vírus, já a fase 3 é a última fase do estudo e tenta demonstrar a eficácia da droga.

Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando essa fase é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário. Por fim, na fase 4, a vacina ou o remédio é disponibilizado para a população.

Com isso, as medidas de proteção, como o uso de máscaras, e o distanciamento social ainda precisam ser mantidas. A verdadeira comemoração sobre a criação de uma vacina deve ficar para o futuro, quando soubermos que a imunidade protetora realmente é desenvolvida após a aplicação de uma vacina. Até o momento, nenhuma situação do tipo aconteceu.

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