Ciência

Vacina de Oxford contra covid-19 diminui transmissão com apenas uma dose, diz estudo

Segundo o estudo, a eficácia de 76% acontece entre o 22º dia 90º dia após a administração da primeira dose – sem queda visível entre os períodos

Oxford: vacina apresentou bons resultados para evitar transmissão da covid-19 (GEOFF CADDICK/Getty Images)

Oxford: vacina apresentou bons resultados para evitar transmissão da covid-19 (GEOFF CADDICK/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 3 de fevereiro de 2021 às 10h29.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2021 às 10h30.

A vacina contra o novo coronavírus produzida pela parceria entre a universidade britânica de Oxford e a farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca conseguiu reduzir a transmissão do vírus com apenas uma dose. De acordo com uma pesquisa feita pela universidade, a proteção é de 76%, enquanto a transmissão é reduzida em 67% em até 12 semanas após a primeira aplicação.

Segundo o estudo, a eficácia de 76% acontece entre o 22º dia 90º dia após a administração da primeira dose – sem queda visível entre os períodos. Quando uma segunda dose é aplicada três meses após a primeira, a eficácia chega a 82,4%. Os resultados ainda são preliminares e precisam ser revisados por pares.

Cientistas da própria universidade, no entanto, pedem cautela: segundo eles, as informações divulgadas ainda não são o suficiente para afirmar com certeza a capacidade da vacina em evitar transmissões, uma vez que, até o momento, todas as vacinas aprovadas são capazes apenas de evitar que os infectados desenvolvam sintomas graves da doença.

A divulgação dos resultados endossam a decisão do Reino Unido de aumentar o período entre a aplicação das duas doses da vacina para conseguir proteger a maior quantidade de pessoas com o período ampliado entre as duas doses. As pessoas estavam sendo vacinadas com duas doses em distâncias de três a quatro semanas, mas, em Dezembro, o comitê de vacinação e imunização do Reino Unido recomendou que a segunda dose fosse atrasada "para que mais pessoas vulneráveis pudessem receber a primeira dose".

Ainda não se sabe o impacto que espaçar ainda mais o período entre as duas aplicações pode causar em outras vacinas, como a da Pfizer/BioNTech, que também está sendo administrada no país. Os dados da AstraZeneca foram coletados no Reino Unido, no Brasil e na África do Sul.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Andrew Pollard, co-autor do estudo, afirmou que os resultados são uma verificação importante dos dados que o Reino Unido e outras agências reguladoras utilizaram para dar à vacina o certificado de autorização emergencial.

Os pesquisadores fizeram testes semanais de RT-PCR nos voluntários para checar a presença de infecção por covid-19 – o que revelou que, depois de uma dose única da vacina, os casos da doença caíram entre 49% e 78%, aumentando as esperanças de que a vacina consegue evitar o espalhamento da doença, bem como prevenir mortes.

Ainda é preciso esperar – mas os resultados são animadores.

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