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Uso do controle biológico de pragas dispara no Brasil

O uso de insetos, micro-organismos e animais predadores para combater pragas agrícolas, no lugar de pesticidas químicos, cresce 20% ao ano no país

Cientista faz testes em laboratório (Epitavi/Thinkstock)
GM

Gabriela Monteiro

Publicado em 27 de dezembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 27 de dezembro de 2017 às 17h47.

São Paulo — O Brasil já conta com 143 produtos voltados para o controle biológico, o uso de insetos, micro-organismos e animais predadores para combater pragas agrícolas no lugar dos pesticidas químicos. Em 2010, eram apenas 19, o que configura um aumento de 652% em sete anos, segundo dados do Ministério da Agricultura .

O crescimento desse tipo de combate vem de uma demanda da própria população, que busca cada vez mais um alimento livre de agrotóxicos, afirma Antonio Batista, presidente do Instituto Biológico. “Há alguns anos, não se levava a sério quem mexia com controle biológico. Hoje esse segmento já cresce pelo menos 20% ao ano no Brasil.”

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O Instituto, que completou 90 anos em 2017, lançou em junho o Programa de Transferência de Tecnologia e Inovação do Controle Biológico — o PROBIO. O programa tem como função desenvolver pesquisas e serviços nessa área, além de promover a transferência desses resultados.

Além de desenvolver bioinseticidas, o PROBIO já atende também a implatanção de biofabricas, avalia o impacto de tecnologias usadas no solo e na água, faz laudo de confirmação taxonômica de parasitoides e teste de efiência agronômica de todos esses resultados. “Cerca de 25 empresas já são associadas ao programa, sendo algumas delas multinacionais" afirma Batista.

“O importante é o manejo integrado das práticas biológicas e químicas, que muitas vezes se complementam. O controle químico nasceu na Segunda Guerra Mundial e é muito importante até hoje, tudo depende da espécie e da população da praga”, conta o presidente do Instituto Biológico.

Vale lembrar que o próprio Instituto nasceu desse tipo de manejo. “Nos anos 1920, a broca de café veio direto da África e assolou os cafezais de São Paulo, maior produtor de café do país até então. Foi aí que os principais estudiosos da época se reuniram e combateram essa praga. O resultado foi tão positivo que resolveram manter e ampliar o Instituto para outras áreas de sanidade”, completa Batista.

Outras iniciativas

Além do PROBIO, o Instituto ainda mantém outras iniciativas de controle biológico. “Temos um trabalho há 5 anos voltado para patologia de insetos —principalmente os broquiadores— que usa fungos, vírus e nematóides do bem através de um controle microbiano,”

Outro projeto importante do Instituto foi o desenvolvimento de uma população de ácaros predadores que reduziu a população dos ácaros rajados, espécie muito resistente que ataca diversas culturas, em 5 vezes. “Depois desse controle caiu para 5 ou 10 ácaros por folha, antes esse número ultrapassava os 100”, diz Batista.

Apesar dos bons resultados que o segmento biológico vem apresentando, ainda há muito trabalho há se fazer. O número de bioinseticidas protocolados no país representa apenas 1% do mercado de inseticidas. Na Europa, por exemplo, a fatia é de 15%.

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