Substância encontrada em lua de Júpiter pode redefinir busca por vida fora da Terra
Substância foi detectada por meio de dados espectroscópicos do Espectrômetro de Mapeamento de Infravermelho Próximo (NIMS), a bordo da sonda Galileo
Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 20h51.
Existe vida fora da Terra?
A pergunta permanece sem resposta definitiva, mas alguns planetas distantes e suas luas têm mostrado sinais de que, talvez, exista algo (ou alguém) além do nosso planeta. Um estudo recente, realizado com base em dados espectroscópicos, revelou a presença de uma substância bioluminescente na lua de Júpiter, Europa, semelhante à que é encontrada nos vaga-lumes.
De acordo com o pesquisador Hugo Matheus Ferreira Melo, a descoberta abre a possibilidade de que o satélite tenha condições para abrigar formas de vida microbianas.
“Embora existam estudos que sugerem que a luciferina possa ser formada por processos não biológicos, essa hipótese ainda não está completamente confirmada. No entanto, a presença dessa substância sugere um ambiente químico rico, que poderia ser habitável para formas de vida microbianas”, afirmou ele ao Correio Braziliense.
A substância foi identificada por meio de dados espectroscópicos coletados pelo Espectrômetro de Mapeamento de Infravermelho Próximo (NIMS), a bordo da sonda Galileo. A luciferina, como é chamada a substância, emite luz em uma faixa de comprimento de onda entre 560 e 570 nanômetros. A análise dessa luz pode trazer novas respostas sobre o potencial de Europa para sustentar vida.
Apesar disso, o estudo ainda é inicial e não se pode afirmar que existe vida fora da Terra.
Europa: a lua promissora
Apresença de luciferina na lua Europa eleva a especulação de que os oceanos subsuperficiais possam ser um dos locais mais promissores para encontrar vida no Sistema Solar.Segundo o pesquisador, o ambiente de Europa é particularmente interessante devido às suas condições geotérmicas favoráveis, como as fossas hidrotermais, que podem criar zonas habitáveis em meio ao vasto oceano subterrâneo da lua.
Ainda não há evidências definitivas de vida, mas a descoberta da luciferina reforça a ideia de que Europa poderia ter as condições adequadas para abrigar formas de vida microbianas. A pesquisa está em andamento, e os próximos passos incluem o uso de novos instrumentos para validar os dados e excluir fontes alternativas de luminescência, garantindo a precisão das descobertas.
"Esses dados foram cuidadosamente pré-processados para eliminar ruídos e anomalias, permitindo identificar padrões de intensidade luminosa compatíveis com a presença dessa molécula", relatou Melo. A descoberta marca uma das primeiras etapas de uma pesquisa mais ampla sobre as condições de Europa e sua possível habitabilidade.
"O próximo passo da pesquisa seria descartar fontes alternativas de luminescência, validando os dados com novos e diferentes instrumentos e modelos de análise espectral", afirmou o cientista, destacando a necessidade de investigações adicionais para confirmar a presença de vida em Europa.