Teoria da evolução: cientistas descobrem nova relação entre dor nas costas e evolução humana (Getty Images/Reprodução)
Maria Eduarda Cury
Publicado em 7 de março de 2020 às 09h00.
Última atualização em 7 de março de 2020 às 09h19.
São Paulo - De acordo com um estudo feito por pesquisadores norte-americanos, a dor nas costas pode ser consequência da evolução da humanidade. Cientistas da Universidade de Simon Fraser, no Canadá, da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, e da Universidade de Sydney, nos Estados Unidos, estabeleceram uma relação entre o desconforto físico localizado na coluna e a evolução do ser humano.
A intenção da pesquisa foi frita para investigar o porquê algumas pessoas possuem mais risco de sofrer espondilólise - lesão nos ossos das regiões anterior e posterior da coluna, causando uma formação irregular nas costas, onde a parte frontal é mais alta do que a traseira. Essa fratura, que é muito comum em atletas ativos, ocorre apenas em seres humanos, fato que é um dos principais motivos que levou os bioarqueólogos a pensarem na possibilidade de ser uma condição ancestral.
Kimberly Plomp, pesquisadora da Universidade de Simon Fraser, disse, em nota no estudo, que uma possível causa é o estresse colocado na coluna, gerado pela capacidade humana de andar de forma ereta com as duas pernas.
Para testar essa hipótese, os pesquisadores utilizaram técnicas de análise de forma 3D. Eles compararam vértebras lombares humanas - sem e com espondilólise - com ossos de símios, macacos antropomorfos - como gorilas, chimpanzés e orangotangos - que, assim como os humanos, pertencem à família Hominoidea.
Feita a comparação, o grupo notou que os seres humanos com espondilólise apresentavam diferenças ósseas mais aparentes com os símios, enquanto os humanos com as vértebras sem as lesões tinham a estrutura mais parecida com a formação óssea dos animais.
Anteriormente, cientistas haviam apontado que seres humanos com hérnias de disco apresentavam uma formação óssea mais similar aos chimpanzés e ancestrais do que os seres humanos com ossos saudáveis.
Mark Collard, professor de arqueologia da Universidade de Simon Fraser, acredita que a variação pode ser entendida como um espectro.
"Podemos imaginar a variação da forma vertebral nos seres humanos como um espectro, com uma extremidade tendo vértebras com uma forma ancestral e a outra extremidade tendo vértebras com adaptações bípedes exageradas. Onde as vértebras de um indivíduo se encontram nessa distribuição, influenciam a saúde da coluna vertebral", disse Collard, em nota.
Por décadas, os cientistas acreditavam que a forma de andar dos seres humanos eram a principal causa da dor nas pernas; agora, porém, essa condição pode ser justificada por ligações ancestrais.
Os pesquisadores reconhecem que a teoria necessita de mais estudos, mas que a nova pesquisa contribui para demonstrar que o passado pode ter uma relação direta com questões atuais, como a prevenção da dor nas costas, que tem se tornado um problema moderno.