Ciência

Startup promete exame de sangue preciso com picada no dedo

O analisador de sangue portátil pode realizar uma contagem completa de células sanguíneas a partir de um teste feito em casa

Athelas: os fundadores da empresa arrecadaram US$ 3,7 milhões com investidores (Athela/Reprodução)

Athelas: os fundadores da empresa arrecadaram US$ 3,7 milhões com investidores (Athela/Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2017 às 17h25.

Um desistente da Universidade de Stanford quer mudar os exames de sangue com um aparelho que promete resultados precisos por meio de uma picada no dedo.

Esta não é a história da Theranos de Elizabeth Holmes -- que ganhou fama e em seguida, de forma igualmente espetacular, entrou em queda, dois anos atrás. Com esta nova startup, acreditam alguns investidores, as coisas serão diferentes.

Tanay Tandon e a cofundadora Deepika Bodapati, que abandonou a Universidade do Sul da Califórnia, arrecadaram US$ 3,7 milhões com investidores, encabeçados pela firma de capital de risco Sequoia Capital, para lançar sua empresa, a Athelas, batizada com o nome da planta curativa de “O Senhor dos Anéis”.

Os fundadores, que têm 20 e 22 anos, respectivamente, afirmam que seu analisador de sangue portátil, um cilindro preto muito parecido com o aparelho Echo, da Amazon, pode realizar uma contagem completa de células sanguíneas a partir de um teste feito em casa por meio de uma picada no dedo.

Tandon conta que aprendeu com o colapso da Theranos, que alcançou uma avaliação de US$ 9 bilhões e teve cobertura elogiosa da imprensa apesar de pouco revelar sobre o funcionamento real de sua tecnologia. Quando as inovações da Theranos se mostraram ilusórias, o valor da empresa despencou e os investidores foram embora.

“A Theranos provou que havia um claro interesse no espaço -- teria sido uma ótima empresa se tivesse funcionado”, disse ele. “Agora os investidores dizem que precisam de provas antes que possamos captar recursos.”

Buscando aprovação

A Athelas publicou dados iniciais comparando os resultados laboratoriais tradicionais com sua tecnologia, que captura imagens de alta resolução de uma amostra de sangue e, em seguida, utiliza um computador para classificar e contar células. O processo depende de aprendizagem de máquina.

Tandon reuniu milhares de imagens de células sanguíneas rotuladas por patologistas e as inseriu em computadores para treiná-los para que pudessem distinguir diferentes tipos de células. Segundo ele, o processo será mais preciso do que o teste padrão.

A empresa apresentou dados à Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) e espera receber autorização neste ano confirmando que sua tecnologia produz resultados equivalentes ao sangue extraído de uma veia e testado em um equipamento padrão do setor.

Por enquanto, seu dispositivo pode ser usado pelos pacientes para decisões médicas, desde que um patologista comprove os resultados dos testes realizados. Uma autorização da FDA permitiria a venda irrestrita do dispositivo da Athelas, segundo Tandon.

Entre os primeiros apoiadores estão duas grandes empresas farmacêuticas que assinaram acordos para analisar o aparelho da Athelas como forma de teste para ajudar a encontrar mais pacientes para seus medicamentos para aumento de glóbulos brancos, disse Tandon, que preferiu não revelar quais são as empresas.

Alfred Lin, sócio da Sequoia que assessora a Athelas, prevê que o produto será usado em salas de emergência e se tornará tão onipresente quanto o termômetro.

“Nossa tese é que ele será adotado porque reduzirá custos e proporcionará uma experiência melhor para o cliente”, disse Lin. “O tempo dirá.”

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