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Startup brasileira estimula evolução da inteligência artificial

Aliança entre academia e mercado ajuda a desenvolver soluções para problemas reais e empresta hardware de alto custo a universidades

Stilingue: plataforma se propõe a analisar dados não estruturados da internet (Stilingue/Divulgação)

Lucas Agrela

Publicado em 11 de maio de 2017 às 07h00.

Última atualização em 11 de maio de 2017 às 15h34.

São Paulo – Resumir a internet não é uma tarefa rápida e ela precisa ser feita diariamente, de preferência, em tempo real. Para lidar com isso, técnicas de análise de big data e inteligência artificial precisam ser aplicadas --mesmo que nem tudo que é necessário realmente exista. É por isso que a startup brasileiraStilingue, que fornece um software de análise de dados de redes sociais, busca pesquisadores acadêmicos para melhorar sua tecnologia.

Os investimentosda empresa previstos para o ano de 2017 somam mais de 2 milhões de reais, dinheiro usado, principalmente, na infraestrutura computacional e nas contratações de profissionais do campo dainteligência artificial que tenham histórico de pesquisas acadêmicas na área.

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É com essa estratégia que oStilinguepretende desenvolver e aperfeiçoar ferramentas automatizadas de análise de sentimentos sobre um determinado assunto comentado na web, bem como estruturar os dados das redes sociais, criados de maneira pouco favorável para os algoritmos comuns de programas de análise.

Segundo RodrigoHelcer, CEO doStilingue, a empresa fornece uma grande volume de dados para que pesquisadores deuniversidadespossam testar,utilizar ou demonstrar o funcionamento de algoritmos criados em seus estudos.

"Énatural que as maiores inovaçõessejamno meio acadêmico. O desafio maior étransformar isso em algoprático implementado em larga escala. Isso vai parar nasmãosde alguma grande empresa no fim das contas, mas,na verdade, veio de umferoztime de especialistas. Se olharmos para a história, de onde veio o próprioPageRank, o algoritmo de pesquisasdoGoogle?Veio de estudosacadêmicos", disseHelcera EXAME.com.

Luiz Henrique De CamposMerschmann, professor do departamento da ciênciadacomputação na Universidade Federal de Lavras, atua como colaborador doStilingueatualmente. O professor faz o intermédio entre a empresa e academia, levantando junto a ela os problemas que ainda não têm soluções.

Boa parte dos desafios da companhia estão relacionados ao processamento de linguagem natural, ou seja, entender o que é dito por usuários de redes sociais ou reportagens jornalísticas que não foram concebidas para se encaixar em padrões do software. Com isso, qualquer coisa escrita na web pode ser lida peloalgoritmo doStilingue.

"A inteligência artificiale a mineração de dados precisam de dados tão fidedignos quanto possível. Um texto informal das redes sociaisrequer técnicasde processamento de linguagem natural para fazermos a mineração dosdados e usarmos a inteligência artificial", declarouMerschmanna EXAME.com.

Fora oproblema da oferta de dados em larga escala para análise via software por pesquisadores, a empresa ajuda a academia com hardware. Os bancos de dados precisam ser adequadamente projetados para que a análise com inteligência artificial aconteça corretamente.

No campo do hardware, oStilingueconta com uma parceria com a Nvidia, conhecida por suas placas de processamento gráfico.Por meio programa chamadoInception,a empresa brasileiraterá apoio para realizar pesquisas sobre inteligência artificial no idioma português brasileiro. A aliança viabiliza subsídios de custos para compra e aluguel de hardware, bem como treinamento de especialistas.

"Usamos muito o Google Cloud [serviço corporativo de nuvem do Google]. De todas que testamos até hoje, essa foi a que se mostrou mais confiável. AAmazonWeb Servicestem mais foco em infraestrutura e escala, enquantoo Google tem foco eminteligência artificial eDeepLearning [técnica de aprendizagem profunda realizada por algoritmos]", MiltonStiilpenJr., sócio responsável pelo setor detecnologia doStilingue. Ele conta ainda que manter máquinas ativas com a configuração dehardware necessária para inteligência artificial custa por volta de 10 mil dólares ao mês.

Por conta de custos como esse é que existe a colaboração, ainda informal, entre universidades e oStilingue. "Infelizmente, no nosso país, não existe uma tradição de vermos a iniciativa privada apoiando a academia no que diz respeito a universidades públicas. Isso ébom para a academia, que recebe recursos da iniciativa privada, e é bom porque traz problemas reais para dentro da academia, nós precisamos de dados, sem elesnãofazemos nada. Os dois lados ganham com isso", afirmouMerschmann, ressaltando a importância da aliança com o mercado.

11/05/2017 15h30: O texto foi atualizado para esclarecer que o custo de 10 mil dólares ao mês não é apenas referente ao Google Cloud.

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