Padrões de direção podem ajudar a identificar alterações cerebrais em idosos (Getty Images /Getty Images)
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Publicado em 20 de dezembro de 2025 às 06h06.
Mudanças na forma como idosos dirigem podem indicar alterações na saúde do cérebro. Um estudo publicado na revista científica Neurology, e divulgado pela primeira vez pelo Estadão, analisou padrões de direção associados ao declínio cognitivo leve.
A pesquisa identificou diferenças consistentes entre motoristas com comprometimento inicial e de pessoas da terceira idade com cognição preservada. Entre os principais sinais está a redução progressiva da frequência ao volante.
Segundo a análise, dirigir envolve atenção, memória, percepção espacial e coordenação motora. Por isso, alterações nessa atividade tendem a refletir mudanças em múltiplos sistemas cerebrais. Ao comparar padrões de condução ao longo do tempo, o estudo sugere que a direção funciona como um marcador do declínio funcional no mundo real.
A pesquisa acompanhou 298 idosos, com idade média de 75 anos. Do total, 56 tinham diagnóstico de declínio cognitivo leve. Os outros 242 apresentavam cognição normal. O comportamento ao volante foi monitorado diariamente por até 40 meses. Para isso, foram usados registradores veiculares com GPS. Os participantes também passaram por avaliações médicas anuais.
Os autores identificaram estratégias de compensação entre idosos com declínio cognitivo leve. Uma das principais foi a autorregulação ao dirigir. Entre os padrões observados nesse grupo estão:
Outro sinal identificado foi a redução da distância máxima percorrida. Esse comportamento pode indicar menor exploração espacial e redução do engajamento comunitário. Além disso, o estudo observou um aumento modesto na taxa de curvas bruscas. Segundo os autores, esse dado pode refletir alterações sutis no desempenho motor ou perceptivo ao volante.
Pesquisas complementares reforçam esse cenário. Um estudo publicado na revista Transportation Research Part F aponta que erros de direção entre idosos ocorrem, sobretudo, em cruzamentos e mudanças de faixa. Nesse caso, os participantes não tinham diagnóstico neurológico prévio. Os dados foram coletados em situações reais de trânsito.