Um foguete SpaceX Falcon 9 transportando o satélite franco-americano SWOT, em 15 de dezembro de 2022 antes da decolagem da Califórnia, Estados Unidos (AFP/AFP Photo)
AFP
Publicado em 16 de dezembro de 2022 às 15h21.
O novo satélite franco-americano SWOT decolou nesta sexta-feira, 16, na Califórnia (oeste dos Estados Unidos), marcando o início de uma missão que permitirá observar os movimentos da água na Terra com uma precisão sem precedentes, especialmente para prever secas e enchentes em todo o mundo.
Este satélite representa "uma revolução no campo da hidrologia", disse Selma Cherchali, do Centro Nacional Francês de Estudos Espaciais (CNES), em entrevista coletiva na terça-feira.
As observações serão "10 vezes mais precisas do que as feitas pela tecnologia atual", destacou.
A decolagem ocorreu às 11h46 GMT (08h46 no horário de Brasília) da base americana em Vandenberg, com o satélite a bordo de um foguete Falcon 9 da empresa privada SpaceX.
SWOT (Surface Water and Ocean Topography) inicia sua missão científica após seis meses de testes e calibração. Os dados coletados estarão disponíveis online e serão acessíveis a todos.
Este novo satélite, que atingirá uma altitude de 890 quilômetros, permitirá a observação ao vivo do ciclo da água — lagos, rios e oceanos — em escala global.
Registrará ainda as trocas entre os imensos reservatórios que são os oceanos e a água que flui na Terra, através da atmosfera.
Enquanto apenas alguns milhares de lagos podiam ser observados do espaço até agora, o SWOT poderá ver milhões desses reservatórios, a apenas 250 metros de distância.
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O satélite também poderá observar quase todos os rios com mais de 100 metros de largura, bem como o volume de água que passa por eles.
Nos oceanos, será possível detectar correntes e redemoinhos até então invisíveis. Nas costas, observar as mudanças causadas pelo aumento das águas.
Do ponto de vista científico, o SWOT deve ajudar a entender melhor as mudanças climáticas.
“Sabemos que, com as mudanças climáticas, o ciclo da água está se acelerando”, disse o cientista da Nasa Benjamin Hamlington.
"Isso significa que alguns lugares têm muita água e outros não o suficiente. Vemos mais secas ou inundações extremas. (...) Portanto, é importante entender exatamente o que está acontecendo".
Do ponto de vista prático, os dados recolhidos permitirão às comunidades locais se preparar melhor para estes eventos e outros, como a erosão costeira.
A missão deve durar inicialmente três anos e meio, mas é bem possível que se estenda até cinco anos ou até "muitos mais anos", segundo Thierry Lafon, chefe do projeto SWOT do CNES.
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