Ciência

Reforço contra Covid protege melhor após 6 meses, dizem médicos

Doses de reforço de vacinas contra Covid-19 estão sendo fornecidas, levantando questões sobre quando devem ser aplicadas. Médicos dizem que há uma desvantagem em aplicá-las cedo demais

Vacinação: imunizante mudou a história da covid-19. (Brendan McDermid/Reuters)

Vacinação: imunizante mudou a história da covid-19. (Brendan McDermid/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2021 às 14h29.

Doses de reforço estão sendo fornecidas em grande parte do mundo para estimular a proteção contra a Covid-19, levantando questões sobre quando exatamente devem ser aplicadas. Embora não haja respostas claras, os médicos dizem que há uma desvantagem em aplicá-las cedo demais.

Leva tempo para o sistema imunológico construir suas defesas. Após a vacinação ou uma infecção natural, as células dos nódulos linfáticos começam a amadurecer para que estejam mais bem preparadas se encontrarem o patógeno novamente. Demora vários meses para construir o que é conhecido como memória imunológica.

Uma dose extra aplicada vários meses após o sistema imunológico ter sido preparado com uma imunização inicial — geralmente de duas doses — pode revigorar a resposta imune, disse Stanley Plotkin, vacinologista veterano e professor emérito de pediatria da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia. A dose de reforço desencadeia uma onda de anticorpos que são mais hábeis em impedir uma série de variantes do SARS-CoV-2, disse ele.

“Esse intervalo pode ser tão curto quanto quatro meses, mas de modo geral, um intervalo de seis meses é provavelmente o melhor”, disse Plotkin, cuja pesquisa pioneira levou a uma vacina contra rubéola mais de 50 anos atrás.

Um intervalo ainda menor, como dois meses, pode comprometer a capacidade do corpo de estabelecer uma resposta imunológica durável, disse ele em entrevista.

Isso porque o sistema imunológico precisa de tempo para se rejuvenescer após a produção de anticorpos de forma rápida e grosseira para um novo inimigo, disse John Wherry, diretor do instituto de imunologia da Universidade de Perelman. À medida que a “resposta de emergência” se dissipa, o corpo trabalha na produção de anticorpos melhores que podem ser amplificados rapidamente quando estimulados por outra dose da vacina ou por uma infecção natural.

Os chamados anticorpos neutralizantes se prendem às partículas de coronavírus e as impedem de penetrar nas células saudáveis, sendo essenciais na defesa contra Covid-19. Entretanto, diminuem meses após a imunização ou infecção natural, aumentando o risco de infecção. Isso levou algumas autoridades de saúde a recomendar uma dose extra para adultos, visando aumentar sua proteção contra uma nova onda de Covid alimentada pela variante Delta hiper-infecciosa.

Uma terceira dose da Pfizer aplicada cerca de oito meses após a segunda dose levou a um aumento de 25 vezes nos níveis de anticorpos, segundo estudo da Universidade Northwestern de Chicago com 33 voluntários adultos saudáveis.

Evidências sugerem que intervalos ainda maiores podem ser úteis, disse Miles Davenport, chefe do programa de análise de infecção da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sydney. Com a vacina da AstraZeneca, o pico da resposta imunológica pode ocorrer se um reforço for dado pelo menos um ano após a segunda dose, disse ele.

“O que não sabemos neste momento é quão prolongada será a resposta após a terceira dose”, disse Plotkin. Pode ser necessário administrar doses de reforço periodicamente, especialmente para idosos, segundo ele.

Doses anuais provavelmente não serão necessárias para a maioria das pessoas a longo prazo, disse Davenport. “Vamos ter nossa dose de reforço anual com a exposição ao vírus circulante”, disse ele.

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