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Primeiro animal a existir na Terra era carnívoro, diz estudo

Biólogos dos Estados Unidos acreditam que a primeira criatura que pisou na Terra era carnívora

Evolução: pesquisadores acreditam que o primeiro animal da Terra era um carnívoro (Getty Images/Reprodução)
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Maria Eduarda Cury

Publicado em 31 de agosto de 2019 às 08h55.

Última atualização em 31 de agosto de 2019 às 08h55.

São Paulo - Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos , pode ter revelado que o primeiro animal a existir no mundo era um carnívoro. Após analisarem a dieta de mais de mil espécies de animais, incluindo 140 espécies de besouros, o biólogo John Wiens e sua equipe observaram que é possível que o ancestral de todas as raças existentes no planeta tenha sido um consumidor de carne.

A pesquisa focou em analisar dietas de criaturas que existem há mais de 800 milhões de anos, assim como informações detalhadas e específicas sobre os hábitos alimentares e cotidianos de cada família de animais. Para facilitar a compreensão dos dados e colocá-los em uma escala evolutiva, os pesquisadores desenvolveram uma filogenia. Esse termo pode ser interpretado como o estudo da história de evolução de diferentes grupos de organismos. Contextualizando, Wiens e seus colegas de trabalho categorizaram todas as informações das espécies estudadas e desenvolveram uma árvore genealógica que começou há centenas de milhões de anos.

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Publicado na revista Evolution Letters, a descoberta vai contra o que cientistas acreditavam, até então, sobre a alimentação dos seres primitivos. Baseando-se em dados de fósseis históricos de diversos animais, pesquisas anteriores apontavam que os primeiros animais a existirem na Terra possuíam uma dieta focada em plantas, ou seja, seriam herbívoros - assim como os cavalos, as zebras e as girafas. Mas isso não significa que o primeiro animal a existir já possuía os dentes desenvolvidos para mastigar um pedaço de carne, como é conhecida hoje. Wiens acredita que o animal, qualquer que tenha sido, possuía uma alimentação virada para seres protistas - organismos que não são classificados como plantas, fungos ou animais.

Caso essa hipótese levantada por Wiens seja verdadeira, significa que o primeiro animal evoluiu para se tornar um pequeno ser protista aquático, que digeria bactérias marinhas, conhecido como coanoflagelado. Duncan Irschick, ecologista da Universidade de Massachussetts, comentou que o estudo de Weins e os demais biólogos é provocativa para a ciência, pois se sabe muito pouco sobre o misterioso ancestral que pode ser carnívoro. A única informação que pode ser relacionada ao animal é que, assim como todos os seres vivos estudados durante a história, a síntese de proteínas deveria ser uma ação que a criatura realizava.

Para Wiens, ficou mais complicado estudar os hábitos alimentícios dos animais conforme a evolução e o distanciamento entre as próprias espécies acontecia. Quando os animais começaram a se tornarem herbívoros, segundo a árvore genealógica desenvolvida pelos pesquisadores, o comportamento geral - como hábitos cotidianos - permaneceu o mesmo. Dentre os animais estudados para a pesquisa, 63% eram carnívoros, 32% foram classificados como herbívoros e 3%, onívoros. Os 12% restantes foram categorizados como ambíguos, ou seja, se encaixavam em mais de uma categoria. Isso ocorre por conta das mudanças de ambiente com as quais os animais precisavam se adaptar.

Devido aos obstáculos, em termos de evolução alimentar, para se tornar vegano ou vegetariano, alguns cientistas que comentaram o estudo acreditam que dizer que o primeiro animal era carnívoro é uma questão intuitiva. Para certos grupos de animais, como os insetos, a evolução que os permitiu viver apenas de plantas abriu portas e permitiu que se diversificassem mais rápido do que antes, criando outras classes e famílias derivadas da mesma espécie.

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