Amigos: cérebro humano mantém laços reais com poucas pessoas (J Studios/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 14h32.
O cérebro humano tem um limite cognitivo para manter relações sociais estáveis mesmo na era digital, segundo um conceito conhecido como "Número de Dunbar". A ideia foi proposta na década de 1990 pelo antropólogo britânico Robin Dunbar, da Universidade de Oxford.
A partir da observação da relação entre o tamanho do neocórtex de primatas e o tamanho de seus grupos sociais, Dunbar estimou que os humanos conseguem administrar, no máximo, cerca de 150 relações sociais significativas, um número que parece se manter mesmo em redes como Facebook e Instagram.
O estudo que originou essa teoria não se baseou diretamente em dados de redes sociais, mas em uma extrapolação estatística da hipótese do cérebro social: ao comparar espécies de primatas, Dunbar encontrou uma correlação entre o tamanho do neocórtex e o número de indivíduos com quem esses animais mantêm ligações sociais estáveis. Usando essa relação, ele projetou que o limite para humanos seria cerca de 148 pessoas, número normalmente arredondado para 150.
Segundo a pesquisa, esse limite não representa apenas o número de conhecidos ou seguidores, mas aquelas pessoas com quem um indivíduo mantém interações regulares e um nível mínimo de vínculo real. Dunbar definiu esse grupo como aquele cujas relações envolvem preocupação mútua e manutenção de contato ao longo do tempo, algo que não se confunde com listas infladas de “amigos” das redes.
A teoria tem sido amplamente mencionada para explicar porque muitos usuários de redes sociais exibem centenas ou milhares de conexões, mas, na prática, interagem de forma consistente com um número muito menor de pessoas. Apesar de plataformas como Facebook, Instagram e X (antigo Twitter) permitirem conexões rápidas e superficiais, elas não alterariam a capacidade cognitiva fundamental para manter relações sociais profundas, conforme defendido pelo antropólogo.
"As pessoas dizem ter centenas de amigos, mas a verdade é que seus círculos são parecidos com os dos outros.", disse Dunbar, em entrevista ao jornal The Times.
Ainda segundo Dunbar, o comportamento de homens e mulheres em relação às relações sociais é diferente. Para ele, as mulheres são melhores em manter as amizades apenas conversando com os amigos, enquanto homens precisam estar presentes fisicamente.