Planta doméstica com DNA de coelhos pode reduzir poluição
Alteração genética torna a planta 5 vezes mais potente na limpeza do ar doméstico
Ariane Alves
Publicado em 22 de dezembro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 22 de dezembro de 2018 às 05h55.
São Paulo - A planta doméstica conhecida como jiboia ou hera-do-diabo pode se tornar uma aliada na redução da poluição em ambientes fechados, e a solução está no DNA dos coelhos, segundo um estudo publicado na última quarta-feira (19). Com a composição genética alterada, a planta consegue quebrar substâncias tóxicas e limpar o ar ao redor.
As atividades cotidianas no ambiente doméstico, como cozinhar, tomar banho ou fumar, podem liberar uma série de substâncias - algumas delas tóxicas -, que permanecem presentes na casa por muito tempo. O organismo de muitos mamíferos, incluindo humanos, possui um gene capaz de quebrar várias dessas substâncias à medida que são aspiradas. A presença de plantas nesses ambientes ajuda, já que elas absorvem o ar em seu processo de respiração celular.
Redução 5 vezes maior que a de plantas comuns
Pensando nisso, cientistas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, decidiram inserir o gene, conhecido como P450 2e1, no material genético da jiboia ( Epipremnum aureum ), planta facilmente encontrada em casas e apartamentos. Em laboratório, a equipe usou os coelhos como fornecedores do gene.
Em seguida, os pesquisadores monitoraram a capacidade da planta geneticamente modificada de quebrar a composição do benzeno e do clorofórmio, limpando o ar dos frascos em que estavam inseridas e comparando sua performance à de plantas com o material genético original. Como resultado, a concentração de benzeno no ar das jiboias alteradas caiu cerca de 75% em oito dias, uma redução 4,7 maior que a normalmente causada pela presença de plantas no ambiente. Já o clorofórmio tornou-se “pouco detectável” após seis dias na presença da jiboia.
Estufa na sala de estar
A equipe sugere um uso específico para as plantas modificadas, já que seu efeito quando deixadas normalmente nos ambientes não é tão potente por terem pouco contato com todo o ar da casa. A solução seria colocar a planta dentro de um “biofiltro”, que funcionaria como uma estufa em miniatura, ventilando o ar pelo ambiente. “Não há dispositivos atualmente no mercado para lidar com esses [químicos voláteis], então o que estamos propondo aqui é uma tecnologia que possa preencher essa lacuna”, explicou ao The Guardian o co-autor do estudo, Stuart Strand.
Agora, os pesquisadores estão realizando experimentos para investigar se a jiboia também pode reduzir os níveis de outras substâncias químicas problemáticas ou se outros genes também poderiam ser inseridos para ajudar a decompor mais substâncias no ar. Além disso, precisam estudar o comportamento das plantas fora do laboratório, explorando o potencial das novas plantas nos lares domésticos.