Oxford faz acordo com AstraZeneca para produzir vacina em larga escala
Novo acordo liberará 15 milhões de libras para a produção da vacina da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que está sendo testada no Brasil
Tamires Vitorio
Publicado em 1 de setembro de 2020 às 08h49.
Última atualização em 1 de setembro de 2020 às 09h12.
A Oxford assinou nesta terça-feira, 1º, um contrato com a biofarmacêutica anglo-sueca AstraZeneca para produzir sua vacina contra o novo coronavírus em larga escala. Foi também anunciado que, a partir de hoje, a proteção está na fase 3 de testes clínicos, a última antes de uma possível aprovação, nos Estados Unidos.
A AstraZeneca, que distribuirá a proteção, afirmou que já selecionou 30 mil americanos para se voluntariarem na fase de testes, o que significa que cerca de 50 mil pessoas participarão da fase de testes da vacina, conhecida como AZD1222.
Outros voluntários no Brasil, no Reino Unido e na África do Sul já receberam a vacina em fase III de testes e estão sendo monitorados por cientistas.
Segundo a Oxford, novidades sobre os efeitos da vacina na última fase devem ser divulgados em breve.
Para aumentar a produção da vacina, a AstraZeneca vai pagar cerca 15 milhões de libras para a Oxford Biomédica --- e a escala de produção pode ser aumentada caso necessário.
A Oxford Biomédica, por sua vez, espera receber um adicional de até 35 milhões de libras, mais o custo dos materiais para produzir a vacina em larga escala até o final de 2021 e atender a demanda global pro uma proteção contra a covid-19.
O Brasil, por exemplo, encomendou 100 milhões de doses da vacina, segundo o Ministério da Saúde.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacina britânica é a opção mais avançada no mundo em termos de testagem.
De acordo com o relatório da OMS do dia 28 de agosto, 33 vacinas estão em fase de testes e outras 176 estão em desenvolvimento. Das 26 em testes clínicos, 6 estão na última fase. A vacina da Rússia agora está presente no relatório da organização.
Quais são as fases de uma vacina?
Para uma vacina ou medicação ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes. A fase 1 é a inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina ou o remédio produz, sim, imunidade contra um vírus, já a fase 3 é a última fase do estudo e tenta demonstrar a eficácia da droga.
Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando essa fase é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário. Por fim, na fase 4, a vacina ou o remédio é disponibilizado para a população.
As outras que também estão na na fase três de testes são as versões da americana Moderna e a da chinesa Sinovac, que também será testada no Brasil.
Para a OMS, a vacina britânica é a opção mais avançada no mundo em termos de testagem.
Areitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Soraia Smaili, em entrevista à GloboNews, afirmou que a vacina de Oxford pode ser distribuída no Brasil em junho de 2021, assim que o registro emergencial dela for aprovado.
A AstraZeneca e Oxford testarão sua vacina em mais de 50.000 pessoas no mundo todo. No Brasil, serão 5.000 voluntários testados em São Paulo, na Bahia e no Rio de Janeiro.
Em junho, o governo brasileiro anunciou uma parceria com Oxford para a produção de 100 milhões de doses quando a aprovação acontecer.
Antes a previsão da empresa anglo-sueca era que a vacina ficaria pronta já neste ano.
Como funciona a vacina de Oxford?
Chamada de ChAdOx1 (AZD1222), a proteção é baseada no adenovírus (grupo de vírus que causam problemas respiratórios, como resfriados) enfraquecido de um chimpazé. A vacina do Instituto de Biotecnologia de Pequim em parceria com a empresa chinesa CanSino também é feita com base no adenovírus
A opção também contém a sequência genética das espículas do SARS-CoV-2. “Quando a vacina entra nas células dentro do corpo, ela usa o código genético para produzir as espículas de proteínas do vírus. Isso induz a uma resposta imune, o que prepara o sistema imunológico para atacar a doença se ela infectar o corpo”, explica a universidade britânica em um comunicado publicado em seu site oficial.
A corrida pela cura
Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no início de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países. A vacina do Ebola , considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.
Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.
Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.