Ciência

OMS alerta: pode faltar antibióticos

A falta de novos remédios ameaça a luta contra a disseminação de bactérias resistentes, que matam dezenas de milhares de pessoas todos os anos

Remédios: descobertos na década de 1920, os antibióticos salvaram dezenas de milhões de vidas (REB Images/Getty Images)

Remédios: descobertos na década de 1920, os antibióticos salvaram dezenas de milhões de vidas (REB Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 17 de janeiro de 2020 às 15h56.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta sexta-feira (17) que a falta de novos antibióticos ameaça a luta contra a disseminação de bactérias resistentes a medicamentos, as quais matam dezenas de milhares de pessoas todos os anos.

A agência especializada da ONU publicou dois novos relatórios sobre a falta de novos antibióticos em desenvolvimento. "A ameaça de resistência antimicrobiana nunca foi tão imediata, e a necessidade de soluções, mais urgente", disse o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado em um comunicado.

"Existem muitas iniciativas em andamento para reduzir a resistência, mas também precisamos que os países e a indústria farmacêutica se envolvam e forneçam financiamento e novos medicamentos inovadores", acrescentou.

A resistência aos antibióticos (o fato de que certas bactérias acabam se tornando resistentes aos antibióticos) é considerada uma ameaça pela OMS, que teme que o mundo esteja caminhando para uma era, na qual infecções comuns podem começar a matar novamente.

Cerca de 33.000 pessoas morrem todos os anos na Europa, devido a uma infecção resistente a antibióticos, de acordo com dados europeus. Nos Estados Unidos, estas mortes são estimadas em quase 35.000.

"Vemos que está se espalhando e que estamos ficando sem antibióticos eficazes contra essas bactérias resistentes", disse Peter Beyer, do Departamento de Medicamentos Essenciais da OMS, durante uma coletiva de imprensa em Genebra. "É uma das maiores ameaças à saúde que identificamos", insistiu.

Descobertos na década de 1920, os antibióticos salvaram dezenas de milhões de vidas, combatendo efetivamente doenças bacteriológicas como pneumonia, tuberculose e meningite.

Ao longo das décadas, porém, as bactérias mudaram para resistir a esses medicamentos.

As bactérias podem se tornar resistentes, quando os pacientes usam antibióticos dos quais não precisam, ou não concluem o tratamento. Com isso, dão às bactérias a chance de sobreviver e desenvolver imunidade.

Para combater essa resistência, a OMS pede o desenvolvimento de novos antibióticos, mas esse processo é complicado e caro.

Segundo a organização, os 60 novos medicamentos que estão sendo desenvolvidos, incluindo 50 antibióticos, para tratar patógenos "trazem poucas vantagens em relação aos tratamentos existentes, e apenas dois têm como alvo as bactérias mais resistentes".

Outros medicamentos mais inovadores estão em fase pré-clínica. Dos últimos 252 medicamentos, os mais avançados não estarão disponíveis antes de dez anos, completou a OMS.

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