HIV: vírus está ficando mais resistente às drogas conhecidas (CHIARI_VFX/Thinkstock)
Victor Caputo
Publicado em 20 de julho de 2017 às 13h33.
Última atualização em 20 de julho de 2017 às 13h39.
São Paulo -- A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta países de todo o mundo por conta de uma tendência de aumento da resistência do vírus HIV, que causa a Aids, contra as drogas conhecidas atualmente. Os dados foram publicados pela organização, que é parte das Nações Unidas, em um relatório divulgado hoje.
"Nós precisamos cuidar proativamente dos níveis de aumento da resistência a drogas contra o HIV se quisermos alcançar a meta de acabar com casos de Aids globalmente em 2030", afirmou o diretor geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O relatório mostra que, em 6 dos 11 países analisados (na África, Ásia e América Latina), mais de 10% das pessoas que faziam tratamento antiretroviral tinham tipos de HIV resistentes a algum dos principais medicamentos usados. A OMS recomenda que países tomem providências assim que a taxa de 10% é observada. O Brasil, vale destacar, não faz parte desses países.
A organização afirma que essa resistência se desenvolve principalmente quando o paciente não segue as recomendações de tratamento. "Geralmente porque eles [pacientes] não têm acesso a tratamentos de qualidade", afirma a OMS em comunicado. O efeito dessa resistência é que os níveis de concentração de HIV no sangue do paciente continuam subindo em vez de ficar estáveis.
Tratamentos que podem ser eficazes, observa a OMS, são mais caros e ficam fora do alcance de alguns países. O importante é ter em mente que esses tratamentos existem--a resistência ao vírus não é um beco sem saída.
A OMS alerta para os impactos desse aumento na resistência, caso países não tomem atitude contra o problema. "Modelos matemáticos mostram um aumento de 135.000 mortes e 105.000 novas infecções nos próximos cinco anos se nenhuma atitude for tomada", escreve a organização, "e os custos de tratamentos contra HIV podem custar mais 650 milhões de dólares nesse tempo."
O vírus HIV levou à morte de 1 milhão de pessoas em 2016--quase metade do 1,9 milhão de mortes registradas em 2005. Mais da metade das pessoas infectadas no mundo recebe tratamento, e o número de novas infecções pelo vírus HIV está em queda.
A Organização Mundial da Saúde observou aumento acima da média no número absoluto de casos observados no Brasil. A elevação é considerada pequena, passando de 47 mil novos casos em 2010 para 48 mil em 2016.
O Ministério da Saúde alega que a grande população causa distorções na análise e teria sido melhor utilizar taxas de detecção da infecção, obtidas pela divisão do número de casos pelo número de habitantes. Assim, os dados epidemiológicos do Brasil indicariam a estabilização da epidemia, com viés de queda.