Ômicron eleva pelo menos duas vezes risco de contágio em voos; veja dicas
Pessoas sentadas perto umas das outras devem tentar não retirar a máscara ao mesmo tempo durante as refeições, diz especialista
Bloomberg
Publicado em 23 de dezembro de 2021 às 07h55.
Passageiros aéreos têm duas ou até três vezes mais probabilidade de pegar covid-19 durante um voo desde a identificação da variante Ômicron, segundo o principal consultor médico para companhias aéreas globais.
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A nova cepa é altamente contagiosa e se tornou dominante em questão de semanas, sendo que agora responde por mais de 70% de todos os novos casos apenas nos Estados Unidos. Embora filtros de ar com qualidade hospitalar em aviões modernos reduzam muito o risco de infecção em aviões do que em ambientes com aglomerações em terra firme, como shoppings, a ômicron se espalha em alta velocidade justo quando mais pessoas embarcam para as festas de fim de ano.
A classe executiva pode ser mais segura do que a econômica, geralmente mais cheia, disse David Powell, consultor médico da Associação Internacional de Transporte Aéreo, que representa quase 300 operadoras ao redor do mundo.
Como antes, passageiros devem manter o distanciamento e evitar superfícies que são tocadas com frequência. Além disso, pessoas sentadas perto umas das outras devem tentar não retirar a máscara ao mesmo tempo durante as refeições, disse.
Powell, ex-diretor médico da Air New Zealand, conversou com a Bloomberg News na terça-feira sobre viagens aéreas durante a pandemia. Confira trechos editados da entrevista:
Quais são os riscos de infecção durante um voo?
Qualquer que fosse o risco com a delta, teríamos que assumir que o risco seria duas a três vezes maior com a ômicron, assim como vimos em outros ambientes. Qualquer que seja esse baixo risco - não sabemos qual -, no avião deve ser elevado em proporção semelhante.
O que passageiros devem fazer para minimizar os riscos?
Evitar superfícies de contato comum, higienizar as mãos sempre que possível, máscara, distanciamento, procedimentos de embarque controlado, tentar evitar contato cara a cara com outros clientes, tentar evitar ficar sem máscara durante o voo para serviços de refeições e bebidas, exceto quando realmente necessário. O conselho é o mesmo, só que o risco relativo provavelmente aumentou, assim como o risco relativo de ir ao supermercado ou pegar ônibus aumentou com a ômicron.
E a questão das máscaras na hora das refeições?
Para um voo de duas horas, é muito fácil dizer: ‘Use a máscara o tempo todo.’ Mas, se for um voo de 10 horas, torna-se pouco razoável pedir às pessoas que não comam e bebam. O que a maioria das companhias aéreas tem feito é encorajar, mas não insistir, que os clientes tentem diminuir um pouco os períodos de retirada da máscara.
Simplificando, duas pessoas com máscara têm transmissão mínima de uma para a outra. Se uma delas tirar a máscara, essa pessoa corre risco maior de transmitir e um risco ligeiramente maior de receber. Mas, se as duas retirarem, obviamente não haverá nenhuma barreira e será possível transmitir livremente de uma para outra.
Seria mais seguro não viajar de avião?
A maior proteção é se vacinar e receber reforço. A proteção de uma máscara extra ou de um tipo diferente de máscara, ou de não voar, francamente, é provavelmente menor do que o benefício que você obteria apenas por estar totalmente vacinado e com reforço. Começa a aparecer uma espécie de regra prática, segundo a qual, essencialmente, com a ômicron você perde uma dose de vacina de benefício. Portanto, duas doses contra a ômicron significam proteção semelhante a uma dose contra a delta. Isso não está estabelecido na ciência exata, mas parece correlacionar-se aproximadamente com o que está surgindo nos estudos.
Quais conselhos para famílias com crianças?
O risco de casos graves entre crianças pequenas ao viajar é baixo, simplesmente porque o risco de Covid grave é muito baixo para crianças. É uma das perguntas não respondidas com a ômicron. O risco não é tão alto para elas. O risco é que elas possam estar levemente infectadas, sem saber, e potencialmente contagiar outros durante a viagem. E isso é um risco. É difícil fazer com que mantenham a máscara. Quanto menores, mais será difícil.
(Por Angus Whitley, da Bloomberg)