Ciência

O que seu cérebro faz quando você está olhando para o 'nada'?

Nosso cérebro não funciona apenas quando estamos ativos, mas também quando estamos distraídos

Áreas do cérebro ficam ativas mesmo quando não estamos fazendo nada (Carol Yepes/Getty Images)

Áreas do cérebro ficam ativas mesmo quando não estamos fazendo nada (Carol Yepes/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 4 de março de 2024 às 10h59.

 Sempre que você está executando alguma tarefa, as partes do seu cérebro necessárias para realizá-la ficam “ativas”, com os neurônios intensificando essa atividade elétrica. Mas será que o cérebro fica ativo mesmo quando você está olhando para o "nada", distraído?

Segundo pesquisadores, a resposta é sim.

De acordo com a revista Quanta, nas últimas duas décadas, especialistas definiram o que é conhecido como rede de modo padrão, uma coleção de áreas cerebrais não relacionadas que ficam ativas quando você não está fazendo nada. A descoberta trouxe insights sobre como o cérebro funciona quando não está dedicado a tarefas bem definidas e também à investigação sobre o papel das redes cerebrais – e não apenas as regiões cerebrais – na organização dessa nossa experiência interna.

No final do século 20, neurocientistas passaram a utilizar novas técnicas e exames para obter imagens do cérebro de pessoas enquanto elas realizavam tarefas específicas. Como esperado, a atividade em certas áreas do cérebro aumentava durante as tarefas – e, para surpresa dos especialistas, a atividade em outras áreas do cérebro diminuía ao mesmo tempo.

Era como se essas áreas ficassem ativas quando a pessoa não estava fazendo nada e depois desligassem quando a mente precisava se concentrar em algo externo. Os pesquisadores chamaram essas “áreas de tarefa negativa”. 

De acordo com a Quanta, a descoberta da rede de modo padrão despertou a curiosidade dos neurocientistas sobre o que o cérebro faz quando não tem uma tarefa focada. Embora alguns pesquisadores acreditassem que a principal função da rede era gerar nossa experiência de divagação mental, surgiram outras interpretações.

Talvez ela controlasse fluxos de consciência ou ativasse memórias de experiências passadas. Se levantou a hipótese também de que a disfunção na rede seria uma possível característica de quase todos os distúrbios psiquiátricos e neurológicos, como depressão, esquizofrenia e Alzheimer.

De acordo com as pesquisas, alguns dos efeitos da rede de modo padrão são a divagação mental, lembrança de experiências passadas, a imaginação do futuro e o processamento da linguagem. 

Os pesquisadores também vêm examinando se distúrbios de saúde mental, como a depressão, têm a ver com problemas na rede de modo padrão. Até agora, as descobertas foram inconclusivas. 

O entendimento atual sobre a rede de modo padrão certamente também não é o ponto de chegada. E isso levou muitas pessoas a estudar as atividades cerebrais focadas no interior da mente: mesmo quando estamos descansando ou sonhando acordado, nosso cérebro trabalha firme para que isso aconteça.

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