Ciência

Número de pessoas com pressão alta dobrou em 40 anos, diz estudo

Segundo o estudo, a proporção de pessoas com pressão alta caiu abruptamente em países de alta renda e aumentou em vários países de baixa renda

Pressão alta: na maior parte dos países os homens têm mais pressão alta do que as mulheres (Marcos Santos/USP IMagens)

Pressão alta: na maior parte dos países os homens têm mais pressão alta do que as mulheres (Marcos Santos/USP IMagens)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de novembro de 2016 às 09h35.

São Paulo - O número de pessoas com pressão alta no mundo dobrou nos últimos 40 anos e chegou a 1,13 bilhão, de acordo com um novo estudo publicado nesta terça-feira, 15, na revista científica The Lancet. A maior pesquisa do gênero já realizada envolveu uma equipe de centenas de cientistas e utilizou dados de medição de pressão sanguínea de 20 milhões, em praticamente todos os países do mundo, entre 1975 e 2015.

Uma das principais conclusões do estudo é de que a proporção de pessoas com pressão alta caiu abruptamente em países de alta renda e aumentou em vários países de baixa renda, especialmente na África e na Ásia. O trabalho foi liderado por cientistas do Imperial College London (Reino Unido) e teve participação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Acesso a remédios.

"A pressão alta não está mais ligada à riqueza, como em 1975, agora ela é uma premente questão de saúde ligada à pobreza", disse o autor principal do estudo, Majid Ezzati, do Imperial College.

Os cientistas dizem ainda não saber a razão exata da redução de problemas com a pressão nos países mais ricos, mas, de acordo com um dos autores, James Bentham, também do Imperial College, é provável que a tendência tenha ligação com melhor acesso a sistemas de saúde, diagnósticos, medicamentos e aumento do consumo de frutas e vegetais.

"Também há cada vez mais evidências de que a nutrição insuficiente nos primeiros anos de vida aumente o risco de pressão alta na vida adulta, o que pode explicar por que o problema está aumentando nos países pobres", disse ao Estadão.

Segundo o estudo, na maior parte dos países os homens têm mais pressão alta do que as mulheres: em 2015, eram 597 milhões de homens com o problema, ante 529 milhões de mulheres. Além disso, metade dos adultos com pressão alta no mundo vive na Ásia - 226 milhões na China e 200 milhões na Índia.

Os países com as proporções mais baixas da população com pressão alta são Coreia do Sul, Estados Unidos, Canadá, Peru e Cingapura. Os que têm as proporções mais altas entre os homens estão todos na Europa central e oriental: Croácia, Letônia, Lituânia, Hungria e Eslovênia. As proporções mais altas entre mulheres estão na África: Níger, Chade, Mali, Burkina Faso e Somália.

Melhora no Brasil.

O Brasil teve uma queda considerável na proporção da população com pressão alta nos últimos 40 anos, segundo outro dos autores do estudo. "Em alguns locais de renda média, temos padrões similares aos de países de alta renda, onde a proporção de pessoas com pressão alta está caindo.

No Brasil, por exemplo, entre 1975 e 2015, a proporção caiu de 35,5% para 26,7% entre os homens e de 33,7% para 19,9% entre as mulheres", disse Bentham ao Estadão.

Segundo ele, porém, o estudo mostra claramente que a situação econômica está ligada à queda da pressão sanguínea. O pesquisador afirma que os esforços no combate à epidemia de pressão alta devem ser concentrados nos países de baixa e média renda.

"Esse é um dos mais urgentes desafios globais na área de saúde. Os países precisam de meios e regulação adequados para melhorar o acesso à comida de alta qualidade, especialmente frutas e vegetais, além de reduzir o sal na comida. É preciso também fortalecer os sistemas de saúde para identificar as pessoas com pressão alta precocemente, além de melhorar o acesso ao tratamento e à medicação." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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