Ciência

Nova técnica pode acelerar tratamento contra o câncer

Os pesquisadores têm buscado uma maneira alternativa de inserir o DNA nas células

. (Reprodução/Thinkstock)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 14 de julho de 2018 às 05h55.

Última atualização em 14 de julho de 2018 às 05h55.

Tecnologias como CRISPR, que alteram o DNA de um paciente para tratar doenças, estão transformando profundamente a medicina, mas um obstáculo pouco conhecido pode retardar essa revolução.

Para inserir o DNA novo que poderia salvar vidas dentro das células do corpo, os médicos geralmente contam com vírus fabricados sob medida por alguns poucos laboratórios especializados, que se atrasam com frequência por causa da demanda crescente.

Os pesquisadores têm buscado uma maneira alternativa de inserir o DNA nas células. Um novo artigo publicado na revista científica Nature apresenta um método alternativo para as células T, as células de combate à infecção que são fundamentais nos tratamentos inovadores contra o câncer conhecidos como CAR-T. Se isso acontecer, essa técnica poderia tornar o desenvolvimento de tratamentos mais rápido e barato - e, potencialmente, mais eficaz.

"Esta não é a parte mais empolgante do processo, mas é realmente importante acertar nela", disse Fred Ramsdell, vice-presidente de pesquisa do Parker Institute for Cancer Immunotherapy, em São Francisco. "A tecnologia CRISPR é incrível, e a capacidade de editar genes vai mudar a humanidade, mas ainda assim é necessário inserir tudo isso nas células."

Usar um vírus para tratar pacientes pode parecer estranho, mas os vírus são de fato mestres em superar as defesas naturais de nossas células. Os vírus produzidos sob medida em laboratórios especializados são conhecidos como vetores virais: normalmente desativados, eles são usados para inserir código genético.

Novo DNA

No artigo publicado na Nature, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco, colocaram as células T com o novo DNA desejado e a ferramenta de edição genética CRISPR-Cas9 juntos em uma pequena placa. A membrana celular é quebrada com uma carga elétrica, o que permite que o CRISPR seja direcionado ao genoma da célula T e insira o novo código genético.

Em um experimento, os cientistas alteraram geneticamente as células T de três crianças com uma mutação ligada a uma doença autoimune rara. In vitro, conseguiram reparar a mutação das células T que causa a doença. Em outro experimento, eles conseguiram criar novos receptores de células T que poderiam se concentrar em células cancerosas e matá-las.

"É uma espécie de sistema fácil de usar", disse Theo Roth, doutorando em imunologia do Laboratório Marson da UCSF, que elaborou o conceito e é o principal autor do artigo. "Fazer isso sem um vírus será mais rápido e mais confiável, mas também precisamos mostrar que é clinicamente relevante."

O método está em estágio inicial, mas seu impacto pode ser importante para os inovadores tratamentos CAR-T, que obtiveram grandes resultados para alguns pacientes com câncer mortal no sangue, mas tiveram efeitos colaterais tóxicos em outros casos.

"Se a técnica for confirmada e ampliada em estudos futuros, será um enorme avanço: mais rapidez, mais flexibilidade, maior capacidade de editar sequências de DNA e, possivelmente, fazer tudo isso com mais segurança", disse Eric Topol, geneticista do Scripps Research Institute em La Jolla, na Califórnia, sem afiliação com o estudo.

Tentativas anteriores de usar CRISPR sem um vetor viral para alterar um genoma só conseguiram codificar pedaços muito curtos de DNA, insuficientes para codificar uma proteína.

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