Nos EUA, homem paraplégico volta a andar após estimulo elétrico
Esse é o primeiro caso de caminhada independente de uma pessoa com paralisia total dos membros inferiores
Clara Cerioni
Publicado em 25 de setembro de 2018 às 18h20.
São Paulo — Um novo estudo desenvolvido nos Estados Unidos fez um homem paraplégico dar alguns passos em uma esteira, após receber estímulos elétricos em sua medula espinhal.
De acordo com a pesquisa , esse é o primeiro caso de caminhada independente de uma pessoa com paralisia total dos membros inferiores.
A descoberta, desenvolvida entre a Mayo Clinic e a Universidade da Califórnia em Los Angeles, foi publicada nesta segunda-feira (24) na revista Nature Medicine.
O americano Jered Chinnock, de 29 anos, estava sem andar desde 2013, quando sofreu um acidente de snowmobile (moto de neve).
Em 2016, começou a fazer parte da pesquisa científica. Participou de 22 semanas de fisioterapia e, em seguida, teve um eletrodo cirurgicamente implantado na medula.
O implante se conecta a um dispositivo que fica sob a pele do abdome do paciente e se comunica, por uma rede sem fio, com uma central. Esse sistema permite um controle total sobre local, frequência e duração da estimulação elétrica.
"Esse estudo está nos ensinando que redes de neurônios abaixo de uma lesão na medula espinhal ainda podem funcionar após a paralisia", afirma Kendall Lee, neurocirurgião envolvido na pesquisa.
Após as aplicações iniciais, os pesquisadores começaram a estudar a possibilidade de Chinnock ficar em pé e andar. Foram necessárias 113 sessões de reabilitação para encontrar as configurações exatas que permitiriam maior independência para o paciente.
Ele foi capaz de andar, com a ajuda de um andador, além de caminhar em uma esteira. No entanto, quando o estimulo foi desligado, Chinnock voltou à paralisia.
A inédita descoberta é uma ótima notícia para a ciência e para a saúde pública. Nos EUA, cuidados e tratamentos relacionados a pessoas com paralisia custam bilhões de dólares.
Só para tratar pacientes com fraturas na medula óssea, o governo desembolsa anualmente 40 bilhões de dólares.