Mulheres e reinfectados têm maior risco de desenvolver covid longa, afirma pesquisa
Mulheres são mais afetadas pelos sintomas persistentes, porém o motivo da causa ainda não é claro, afirma o Instituto Todos pela Saúde em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de janeiro de 2023 às 10h09.
Ter sido infectado duas ou mais vezes pelo coronavírusenão ter tomado a quarta doseda vacina contra a doença aumentam o risco decovid longa, apontaestudo feito pelo Instituto Todos pela Saúdeepelo Hospital Israelita AlbertEinstein divulgado nesta sexta, 6. O trabalho aponta ainda queasmulheressão mais afetadas pelos sintomas persistentes,embora a causa dessefenômeno ainda nãoesteja clara.
Os resultados foram publicadosem artigoem formato pré-print na plataforma medRxiveainda passará pela revisão deoutros pesquisadores. A pesquisa foi realizada com basena análisededados demais de7 mil profissionais desaúdedoEinstein infectados pelo SARS-CoV-2entre2020e2022. Dessetotal, 1.933 (27,4%) manifestaram a covid longa ante5.118 (72,6%) quenão desenvolveram a condição.
Segundo Vanderson Sampaio, pesquisador do ITpSeum dos autores do artigo, a definição decovid longa usada noestudo foi a do Centro deControledeDoenças (CDC) dosEstados Unidos: "São pessoas com infecção prévia pelo coronavírus quecontinuam com sintomas persistentes da doença por mais dequatro semanas.Entreos sintomasestão febre, congestão nasal, cansaço, fadiga, dor decabeça, tosse, dificuldades para respirar,entreoutros",explica.
Mais da metade(51,4%) dos participantes doestudo quemanifestaram covid longa tiveram três ou mais sintomas persistentes. Outros 33,3% tiveram apenas um sintomae14,9% manifestaram dois. Os sintomas mais comuns foram dor decabeça (53,4%), dores musculares ou nas articulações (46,6%)econgestão nasal (45,1%).
Sintomas
Deacordo com o ITpS, oestudo mostrou quea reinfecção aumentouem 27% a chancedesintomas persistentesEntreos participantes da pesquisa quetiveram apenas uma infecção confirmada por covid-19, o índicedecovid longa ficouem 25,8%. Jáentreaqueles quetiveram duas ou mais infecções, a taxa foi de38,9%.
"Essefoi o resultado mais impactanteporquemostra queas pessoas não podem ter aquelepensamento deque, sepegaram o vírus uma vez, já tem imunidadeeestão livres para abandonarem as medidas deproteção. Uma nova infecção pelo vírus aumenta as reações inflamatórias do corpo,eleva o risco deum caso graveepor consequência, da covid longa", afirma Sampaio.
AlexandreMarra, pesquisador doEinsteineprimeiro autor doestudo, reforça quea reinfecção aumenta o risco decovid longaequeela podeacontecer inclusiveem pessoas quenão tiveram a forma graveda doença. "Até um assintomático podeter covid longa.Então, as pessoas têm quecontinuar seprotegendoesevacinandoenão acharem que, sevocê pegar a doença uma segunda vez, vai ser mais leve", afirma.
Vacina
A pesquisa brasileira aponta ainda quesomenteoesquema vacinal com quatro doses semostrou capaz deproteger contra os sintomas persistentes - a quarta dosereduziuem 95% as chances decovid longaem relação ao grupo não vacinado.
Deacordo com os dados doestudo,entreos participantes quenão receberam nenhuma doseda vacina antes da infecção, o índicedeocorrência decovid longa foi de36,7%.Entreos quetomaram as duas doses regulares, a taxa caiu para 29%. No grupo quejá tinha tomado três doses, foi de15,5%e, naquelecom oesquema vacinal completo dequatro doses, somente1,5% desenvolveu os sintomas persistentes.
Segundo Sampaio, os números mostram quea proteção contra casos gravesecovid longa aumenta a cada dosetomada, mas ressalta quea quarta aplicação é fundamental para garantir a proteção contra o agravamento da doençaecontra os quadros prolongados.Eleafirma queosestudos ainda não são conclusivos sobreo tamanho da proteção dada pela terceira dosecontra a covid longae, por isso, a recomendação principal agora é buscar oesquema completo.
Deacordo com dados do consórcio deveículos deimprensa, menos de20% da população brasileira já tomou a quarta dose.