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Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos

Estudo liderado por cientistas da Universidade Purdue data formação de minerais em meteorito marciano, indicando derretimento de gelo subterrâneo causado por atividade vulcânica

Água pode ter existido em Marte há milhões de anos (Derek Berwin/Getty Images)
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Publicado em 22 de novembro de 2024 às 16h00.

Minerais presentes no Meteorito Lafayette podem sugerir que existiu água em Marte há 742 milhões de anos, segundo uma pesquisa realizada por uma colaboração internacional de cientistas liderada por pesquisadores da Universidade Purdue, nos Estados Unidos.

De acordo com Marissa Tremblay, professora assistente do Departamento de Ciências da Terra, Atmosféricas e Planetárias da Purdue, e líder da pesquisa, alguns meteoritos marcianos contêm minerais que se formaram pela interação com água líquida enquanto ainda estavam na superfície de Marte.

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"Datando esses minerais, podemos saberquando havia água líquida na superfície ou próximo a ela durante o passado geológico de Marte", explica Tremblay. "No caso do Lafayette, acreditamos que a água não era abundante na superfície naquela época. Em vez disso, pensamos que o líquido veio do derretimento de gelo subterrâneo, causado por atividade magmática ainda presente em Marte hoje."

Meteorito revela condições geológicas únicas

Os cientistas demonstraram que a idade obtida para a interação entre água e rocha no meteorito Lafayette foi precisa e não foi alterada por eventos posteriores, como o impacto que ejetou o meteorito de Marte, o calor do espaço durante seus 11 milhões de anos de trajetória ou sua entrada na atmosfera terrestre.

Ryan Ickert, coautor do estudo e pesquisador da Universidade Purdue, destacou que isotopos usados em análises anteriores para datar interações água-rocha em Marte apresentavam problemas. "Este meteorito é único porque possuievidências claras de reação com água, e nosso estudo determinou finalmente a data exata dessa interação."

O enigmático Meteorito Lafayette

O Meteorito Lafayette, encontrado em 1931 em uma gaveta na Universidade Purdue, tem uma origem marcada por eventos violentos. Ele foi ejetado de Marte há cerca de 11 milhões de anos devido a um impacto e, desde então, atravessou o espaço antes de cair na Terra.

Estudos sobre contaminações orgânicas do meteorito, como doenças agrícolas específicas, ajudaram os cientistas a restringir o período de sua queda. "Utilizamos essas pistas para entender melhor como e quando Lafayette caiu na Terra", explica Tremblay.

Meteoritos como o Lafayette são verdadeiros “cápsulas do tempo” do universo, carregando dados valiosos sobre planetas e corpos celestes. Eles se diferenciam das rochas terrestres pela presença de minerais específicos, composição isotópica e características como a crosta de fusão gerada durante sua entrada na atmosfera.

Colaboração internacional e novas fronteiras

O estudo é fruto de uma colaboração internacional envolvendo pesquisadores de instituições como a Universidade de Glasgow, o Museu de História Natural de Londres e o Scottish Universities Environmental Research Centre (SUERC). A equipe utilizou análises isotópicas de argônio-argônio para datar os minerais alterados no meteorito.

"Demonstramos uma forma robusta de datar minerais alterados em meteoritos, um método que pode ser aplicado a outros meteoritos e corpos planetários para entenderquando a água líquida esteve presente", afirma Tremblay.

Graças a fundos como o Stahura Undergraduate Meteorite Fund, Tremblay e sua equipe continuarão investigando a geoquímica de meteoritos, envolvendo estudantes de graduação da Universidade Purdue nessa pesquisa inovadora.

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