Ciência

Gripe ou covid-19? Com sintomas parecidos, teste ajuda a definir diagnóstico

A testagem é o melhor caminho para o diagnóstico, apontam especialistas, que indicam que a velocidade do aparecimento de sintomas e perda de olfato podem ser indícios de qual doença se enfrenta

Coronavirus ou gripe? Tire suas dúvidas (CSA Images/Getty Images)

Coronavirus ou gripe? Tire suas dúvidas (CSA Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de novembro de 2022 às 16h38.

A gripe e a covid-19 apresentam manifestações respiratórias bem semelhantes. Em meio à pandemia, especialmente com o surgimento da nova variante Ômicron, e a surtos de gripe causada pelo vírus influenza, é normal que pacientes tenham incertezas sobre qual quadro apresentam.

A testagem é o melhor caminho para o diagnóstico, apontam especialistas, que indicam que a velocidade do aparecimento de sintomas e perda de olfato podem ser indícios de qual doença se enfrenta.

Os resultados de laboratórios particulares indicam um aumento de testes positivos do coronavírus no Brasil. Entre 8 e 29 de outubro, o País saltou de 3% para 17% de novos diagnósticos confirmados para o vírus em relação ao total, diz levantamento do Instituto Todos pela Saúde.

A Europa já tem visto uma elevação de casos e internações. Especialistas afirmam que é improvável que o Brasil sofra um pico tão grande como ocorreu no 1º semestre do ano passado, mas dizem que é preciso monitorar o surgimento de variantes e a redução da procura pelo reforço vacinal.

O diagnóstico é essencial, principalmente para os grupos de risco, como cardiopatas, gestantes e idosos — que se repetem para o coronavírus e para o influenza. A vacinação, o uso de máscara e o distanciamento social são as principais medidas preventivas.

"A covid normalmente é uma doença evolutiva. É uma doença que tende a progredir até o final da primeira semana", diz o infectologista Marcelo Otsuka, vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). "A gripe (causada pelo influenza) normalmente já começa grave."

Na infecção "clássica" pelo influenza, logo no primeiro dia o paciente já apresenta muita dor no corpo, dor de cabeça, dor de garganta, febre, calafrio ou sensação febril, explica a infectologista Nancy Bellei, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Normalmente, continua ela, tosse com expectoração aparece em 24 horas, e o quadro segue assim por cerca de dois ou três dias.

Otsuka destaca que sintomas nas vias aéreas superiores, como coriza, tosse e espirros, mesmo podendo aparecer nas infecções causadas pelos dois vírus, são mais frequentes em pacientes infectados pelo influenza.

Esse início "menos intenso" da covid gera muitas dúvidas. "A pessoa pensa ‘eu dormi com ar-condicionado ligado’ ou ‘acho que eu estou pegando um resfriadinho’", fala Nancy.

O que dizem as últimas pesquisas científicas mais importantes? Descubra ao assinar a EXAME, por menos de R$ 0,37/dia.

A perda de olfato também pode indicar qual doença o paciente apresenta. Os especialistas destacam que a anosmia é sintoma da covid, não da gripe. Otsuka acrescenta que lesões na pele e alterações cardiovasculares podem indicar um caso de coronavírus.

O infectologista Martoni Moura e Silva diz que os principais sintomas da doença causada pela Ômicron são "dor de garganta, dor no corpo, principalmente na região da lombar, congestão nasal, problemas estomacais e diarreia". Já nas infecções por Delta e Gama "perda de olfato e paladar, dor no corpo, dor de cabeça, fadiga muscular, febre, tosse" são as manifestações mais frequentes.

Testagem é primordial

Por mais que algumas especificidades possam ajudar a diferenciar as doenças, apenas a testagem pode confirmar o diagnóstico. Silva indica que para a covid, o teste RT-PCR é a melhor opção, pois tem maior sensibilidade (menos chance de apresentar um falso negativo). Ao negativar para o quadro causado pelo coronavírus, a orientação é testar para a gripe também.

Caso o paciente não possa fazer os testes, a indicação é ficar isolado. Segundo Nancy, o isolamento para o coronavírus, devido a incertezas com a Ômicron, deve ser de 14 dias; já o para o influenza, de uma semana.

A agilidade no diagnóstico, porém, pode ser vital. "Para influenza, temos um tratamento antiviral (Tamiflu) que deve ser instituído rapidamente até o segundo dia, em alguns casos até o quinto, para que haja uma recuperação melhor", afirma Silva.

Para o infectologista, sinais de alerta para ambas as doenças, são falta de ar, cansaço, febre alta e difícil de controlar, e muita dor no corpo. Caso apresentar alguma dessas manifestações, o paciente deve buscar uma unidade de saúde. "Quando os sintomas são muito chamativos, procure o médico", resume.

Otsuka destaca que pacientes da covid, com queda de saturação de oxigênio no sangue, por vezes não "aparentam tanto falta de ar". Por isso, o monitoramento com um oxímetro é importante. Nancy indica que marcações abaixo de 95 são preocupantes.

Para pessoas dos grupos de risco, a apresentação de sintomas, mesmo que leves, exige a busca de atendimento médico para avaliação do quadro.

Prevenção

As medidas de prevenção da gripe e da covid são as mesmas. Em um primeiro momento, os infectologistas indicam que a população busque a vacinação para ambas doenças. Embora o Brasil tenha conseguido uma taxa elevada de vacinação com as duas primeiras doses, a busca pelas injeções de reforço ainda tem sido baixa.

Medidas não farmacológicas seguem necessárias, principalmente porque a Ômicron parece reduzir a eficácia de imunizantes. Uso de máscara, distanciamento físico e higienizar as mãos são maneiras de se proteger das doenças.

LEIA TAMBÉM:

Testes positivos de covid crescem nos laboratórios; qual risco de uma nova onda?

Brasil confirma 6,9 mil casos de covid-19 em 24 horas

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusGripesPandemiaTodos contra o coronavírusvacina contra coronavírus

Mais de Ciência

Cientistas criam "espaguete" 200 vezes mais fino que um fio de cabelo humano

Cientistas conseguem reverter problemas de visão usando células-tronco pela primeira vez

Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos

Como esta cientista curou o próprio câncer de mama — e por que isso não deve ser repetido