Ciência

"Flash" de luz repetitivo é encontrado em galáxia perto da Via Láctea

A explosão de rádio — como o "flash" é chamado — denominada FRB 180916.J0158 + 65 ocorreu quatro vezes em um período de cinco horas

Explosões de rádio: cientistas identificam, pela segunda vez, repetição de fenômeno (Arctic-Images/Getty Images)

Explosões de rádio: cientistas identificam, pela segunda vez, repetição de fenômeno (Arctic-Images/Getty Images)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 7 de janeiro de 2020 às 11h56.

São Paulo - Em junho de 2019, o Telescópio Espacial Spitzer da agência espacial americana Nasa conseguiu identificar uma explosão de rádio repetitiva, que ocorreu quatro vezes em cinco horas.

Chamadas de FRB, essas explosões são como um "flash" de luz rápido na galáxia e costumam acontecer apenas uma única vez — por isso um fenômeno que aconteceu quatro vezes em somente cinco horas é tão incomum. Publicada na revista Nature, a descoberta precisou de oito telescópios para ser reconhecida da Terra.

A imagem foi identificada na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite que faz parte da Via Láctea. As explosões, que costumam durar milissegundos, tiveram suas fontes rastreadas, mas ainda não foi possível esclarecer suas causas. A FRB identificada recebeu o nome de 180916.J0158 + 65, e estima-se que aconteceu a meio bilhão de anos-luz da Terra - sete vezes mais perto do que a primeira FRB registrada pelos astrônomos e dez vezes mais próxima do que as explosões que não se repetiram.

Inicialmente descoberta pelo telescópio CHIME, do Canadá, em 2018, a FRB 180916.J0158 + 65 emitiu quatro "flashes de luz" em um período de cinco horas, e que duraram menos de dois milésimos de segundo cada um. Os astrofísicos relataram que é possível que a explosão atinja a Via Láctea em cerca de dois bilhões de anos.

Benito Marcote, principal autor do estudo, informou à CNN que esse fenômeno é importante para que a pesquisa sobre as fontes de FRBs repetitivas e não repetitivas possam ser localizadas.

"Os vários flashes que testemunhamos na primeira FRB repetitiva surgiram de condições muito particulares e extremas dentro de uma galáxia muito pequena. Essa descoberta representou a primeira peça do quebra-cabeça, mas também levantou mais questões do que as resolveu, como se havia uma diferença fundamental entre FRBs repetitivos e não repetitivos. Agora, localizamos um segundo FRB repetitivo, o que desafia nossa anterior ideias sobre qual seria a fonte dessas explosões".

Para facilitar a identificação da FRB, foi utilizada uma técnica chamada Interferometria de Linha de Base Muito Longa, que combina a potência de dois ou mais telescópios e permite o registro de fenômenos a sete anos-luz de distância - quase como se alguém que está na Terra fosse capaz de ver, a olho nu, um objeto na Lua.

A descoberta, de acordo com a co-autora Kenzie Nimno, auxilia os cientistas na busca sobre as fontes iniciais das FRBs e como elas são criadas. A explosão de rádio estava localizada em um dos braços espirais da galáxia Grande Nuvem de Magalhães, e identificar a galáxia que hospeda as explosões é um passo inicial para entender sobre a sua origem misteriosa.

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