Sputnik V: vacina será produzida no Brasil (Tatyana Makeyeva/Reuters)
Tamires Vitorio
Publicado em 13 de janeiro de 2021 às 13h35.
Última atualização em 13 de janeiro de 2021 às 15h40.
A vacina russa contra o novo coronavírus deve chegar em breve no Brasil. Um acordo entre o fundo de investimento Russian Direct Investment Fund (RDIF) e a farmacêutica paulista União Química prevê a compra de 10 milhões de doses da Sputnik V que deverão ser entregues já no primeiro trimestre do ano – começando a partir deste mês.
O acordo que foi anunciado na semana passada, foi fechado nesta quarta-feira, 13, e prevê a transferência da tecnologia necessária para a produção da vacina no Brasil. Em comunicado enviado à EXAME, a União Química afirma que entrará com um pedido de aprovação emergencial para o imunizante ainda nesta semana.
A Sputnik V foi a primeira vacina a ser registrada no mundo e é baseada no adenovírus humano fundido com a espícula de proteína em formato de coroa que dá nome ao coronavírus. É por meio dessa espícula de proteína que o vírus se prende às células humanas e injeta seu material genético para se replicar até causar a apoptose, a morte celular, e, então, partir para a próxima vítima. A tecnologia é a mesma utilizada em outras vacinas, como é o caso da de Oxford em parceria com a AstraZeneca.
Para o presidente da União Química, Fernando de Castro Marques, a importância de produzir a vacina em território brasileiro é "não ter dependência externa". "Ao produzirmos as vacinas no Brasil, garantimos a segurança e a soberania nacional", diz.
Marques ainda afirma que, se a aprovação da vacina dependesse somente de sua empresa, ela já estaria disponível para a população "amanhã" e que existem chances de escalonar a produção das doses entre janeiro e fevereiro.
Segundo o Instituto Gamaleya, que desenvolveu o imunizante, sua eficácia é de mais de 90%, "com proteção completa contra casos severos da covid-19".
Outros países já aprovaram o uso emergencial da vacina – como a Argentina, a Bolívia, a Sérvia e a Palestina. Segundo o comunicado, brasileiros que trabalham na embaixada russa já estão sendo vacinados e, até o momento, mais de 1,5 milhão de pessoas foram vacinadas com a Sputnik V no mundo.
Para uma vacina ser aprovada, ela precisa passar por diversas fases de testes clínicos prévios e em humanos. Primeiro, ela passa por fases pré-clínicos, que incluem testes em animais como ratos ou macacos para identificar se a proteção produz resposta imunológica.
A fase 1 é a inicial, quando os laboratórios tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a fase 2 tenta estabelecer de a vacina ou o remédio produz imunidade contra um vírus. Já a fase 3 é a última do estudo e procura demonstrar a eficácia da imunização.
Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando a fase 3 é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário.