Redatora
Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 19h56.
A explosão da espaçonave Starship, da SpaceX, em janeiro, colocou aeronaves comerciais e executivas em situação de risco no espaço aéreo do Caribe, segundo documentos da Federal Aviation Administration (FAA). De acordo com o The New York Times, registros oficiais indicam que três aviões sobrevoaram uma zona de exclusão aérea temporária após a falha do foguete, enquanto controladores de tráfego aéreo lidavam com informações incompletas sobre a queda de destroços.
O incidente ocorreu minutos após a decolagem da Starship, em 16 de janeiro, quando a nave parou de transmitir dados e se desintegrou em voo. Dois aviões comerciais - da JetBlue e da Iberia - e um jato executivo declararam emergência de combustível e atravessaram a área isolada para conseguir pousar com segurança.
Segundo a FAA, cerca de 450 pessoas estavam a bordo das três aeronaves, que aterrissaram sem incidentes.
Documentos analisados pela imprensa norte-americana mostram que a explosão lançou destroços em chamas sobre a região do Caribe por aproximadamente 50 minutos, ampliando o risco para aeronaves em rota internacional. Controladores de tráfego aéreo precisaram redirecionar voos, criar padrões de espera e evitar aproximações perigosas entre aviões, o que aumentou a carga de trabalho e gerou alertas internos sobre “risco extremo à segurança”.
Relatórios indicam que a SpaceX não comunicou imediatamente a explosão por meio da linha direta obrigatória, usada para alertar rapidamente sobre falhas em lançamentos. As zonas de exclusão aérea foram ativadas quatro minutos após a interrupção dos dados da nave, mas a confirmação oficial da desintegração só ocorreu cerca de 15 minutos depois. Em alguns centros de controle, a informação inicial chegou por meio de pilotos que avistaram os destroços no céu.
A FAA avalia que um impacto de destroço em uma aeronave em voo poderia ter consequências graves, incluindo danos estruturais e risco aos passageiros. Um relatório interno apontou que, durante a resposta ao incidente, pelo menos duas aeronaves voaram perigosamente próximas, exigindo intervenção direta dos controladores para evitar colisões.
Após o episódio, a agência convocou um painel técnico para reavaliar os procedimentos de gestão de risco associados a lançamentos espaciais. Esse grupo analisaria falhas em testes de foguetes e seus efeitos sobre o tráfego aéreo, mas a revisão foi suspensa em agosto, segundo pessoas familiarizadas com o processo. A FAA afirmou que parte das recomendações já estava em implementação e que o tema seria tratado em outro nível regulatório.
A FAA projeta supervisionar entre 200 e 400 lançamentos ou reentradas de foguetes por ano nos próximos anos, um salto expressivo em relação à média histórica de cerca de duas dezenas anuais entre 1989 e 2024.
A SpaceX pretende utilizar a Starship em grande parte dessas operações, incluindo trajetórias que sobrevoam áreas próximas à Flórida, ao México e a rotas aéreas do Atlântico Norte.
Especialistas do setor apontam que falhas são comuns no desenvolvimento de novos foguetes, especialmente em voos inaugurais. Dados do mercado de seguros espaciais indicam que cerca de um terço dos foguetes desde 2000 falharam em seu primeiro lançamento.
Ainda assim, reguladores e representantes da aviação defendem maior previsibilidade e comunicação para reduzir impactos sobre o tráfego aéreo comercial.