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Estudo mostra que, após nove anos, segundo paciente é curado de HIV

Os cientistas realizam transplante de células-tronco em paciente com HIV para conter avanço do vírus no organismo

HIV: pesquisa indica que transplante de células-tronco é capaz de impedir a reprodução do vírus no organismo (Getty Images/Reprodução)
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Maria Eduarda Cury

Publicado em 10 de março de 2020 às 19h20.

São Paulo - Uma nova pesquisa pode ter descoberto um método de curar pacientes com o vírus HIV, responsável pelo desenvolvimento da Aids no organismo. Realizado por cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido , o estudo, que foi publicado no periódico científicoThe Lancet HIV, replica um tratamento feito pela primeira vez nove anos atrás, e acompanha a trajetória do vírus no organismo de um paciente com HIV que foi submetido a um transplante de células-tronco.

As células-tronco foram doadas por indivíduos que possuem um gene resistente para o HIV e os resultados demonstraram que não tinha nenhuma infecção viral ativa na corrente sanguínea do paciente. Essa é a segunda vez que surge um relato de cura para um paciente com HIV - a primeira vez aconteceu há nove anos atrás, em Berlim, utilizando um tratamento semelhante. No caso deste paciente, os médicos realizaram irradiação total do corpo, dois transplantes de células-tronco resistentes ao HIV e um regime de quimioterapia.

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O transplante de células-tronco é uma das etapas mais importantes do processo, visto que ele torna o vírus incapaz de se reproduzir no organismo, por meio da substituição das células imunológicas do paciente - que estão enfraquecidas - pelas células novas dos doadores.

O tratamento, no entanto, não elimina totalmente o HIV do organismo: neste último caso, os cientistas relataram que restos de DNA do vírus permaneceram em amostras de tecidos do indivíduo, assim como aconteceu com o paciente que foi curado em Berlim. A principal diferença entre os dois pacientes é que, para o paciente de Londres, os médicos não utilizaram irradiação do corpo inteiro e o regime de quimioterapia teve intensidade reduzida.

Os exames para registrar a amostra de carga viral no organismo, no tecido intestinal ou no tecido linfoide aconteceram, mais precisamente, 29 meses após a última sessão da terapia anti-retroviral. Depois de realizarem a contagem das células CD4 transplantadas, que são indicadores de saúde no sistema imunológico, os cientistas relataram que nenhuma infecção viral ativa estava presente no organismo do paciente - o que significa que o transplante foi um sucesso.

Embora não tenha sido possível realizar a contagem em todos os tecidos do corpo do paciente, os cientistas utilizaram uma análise de modelagem para prever a possibilidade de cura em dois cenários. Caso 80% das células do organismo sejam substituídas pelas transplantadas, a chance de cura é 98%; caso 90% das células passem a ser dos doadores, a chance de cura fica em torno de 99%, diminuindo assim a probabilidade do vírus voltar a ficar ativo. O paciente ainda precisará ser monitorado, segundo os autores.

Ravindra Kumar Gupta, professor da Universidade de Cambridge, comentou em nota no estudo que o objetivo do estudo foi demonstrar que o sucesso do transplante de células-tronco não foi um caso isolado: "Propomos que esses resultados representem o segundo caso de um paciente a ser curado do HIV. Nossas descobertas mostram que o sucesso do transplante de células-tronco uma cura para o HIV, relatada pela primeira vez há nove anos no paciente de Berlim, pode ser replicada", disse Gupta.

O professor e principal autor do estudo acrescentou que, embora o tratamento seja significativo para o progresso dos tratamentos para HIV, ele não deve ser utilizado em todos os casos. De acordo com ele, o tratamento é de alto risco e deve ser utilizado apenas em pacientes que também possuem neoplasias hematológicas - que são tumores malignos e colocam a vida do paciente em risco. O tratamento, portanto, não será amplamente oferecido.

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