Masto: peptídeo desenvolvido por empresa chinesa indica melhora d ( Peter Dazeley /Getty Images)
Agência
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 15h15.
Pesquisadores chineses publicaram, em 18 de dezembro, na revista científica Nature, os resultados de um estudo clínico sobre controle da glicemia e perda de peso no tratamento do diabetes. A pesquisa analisou os efeitos do peptídeo Masto, desenvolvido por uma empresa chinesa, e aponta melhora do açúcar no sangue e de indicadores metabólicos ligados ao sistema cardiovascular, ao fígado e aos rins.
O trabalho se baseia em medicamentos inovadores desenvolvidos na China e oferece orientações clínicas para enfrentar o avanço do diabetes, considerado um problema de saúde pública no país. O estudo avaliou pacientes chineses e buscou responder às necessidades específicas desse grupo populacional.
Guo Lixin, um dos autores do artigo e especialista-chefe do Departamento de Endocrinologia do Hospital de Pequim e do Centro Nacional de Geriatria, afirmou que a publicação em um periódico de alto impacto indica o reconhecimento internacional da pesquisa clínica original conduzida na China. Segundo ele, medicamentos inovadores desenvolvidos no país já competem com terapias internacionais e podem beneficiar um número maior de pacientes.
O diabetes integra o grupo das quatro principais doenças crônicas que ameaçam a saúde da população chinesa. Muitos pacientes apresentam alterações metabólicas associadas, como obesidade, hipertensão e dislipidemia. Diante desse cenário, o programa governamental “China Saudável (2019–2030)” incluiu uma ação específica de prevenção e controle do diabetes.
Em comparação com pacientes da Europa e dos Estados Unidos, pessoas com diabetes na China apresentam maior incidência de resistência à insulina, esteatose hepática e acúmulo de gordura visceral. A obesidade abdominal aparece como a manifestação clínica mais comum. Apesar disso, por muitos anos, faltaram esquemas terapêuticos ajustados a esse perfil metabólico.
Especialistas em metabolismo e endocrinologia que participaram do estudo afirmaram que os resultados refletem com precisão as características clínicas e as necessidades terapêuticas dos pacientes chineses, por se basearem em dados locais.
Zhu Dalong, coautor do artigo e diretor do Centro Médico de Endocrinologia e Doenças Metabólicas do Hospital Gulou, vinculado à Faculdade de Medicina da Universidade de Nanjing, destacou que o estudo fornece evidências científicas para o tratamento de pacientes com sobrepeso, obesidade e diabetes na China, além de contribuir para o manejo do diabetes tipo 2.
O avanço do peptídeo Masto se insere em um movimento mais amplo da indústria farmacêutica chinesa, que busca ampliar o desenvolvimento de medicamentos originais. O setor tem investido em novos alvos terapêuticos, terapias celulares, como CAR-T, e no uso de inteligência artificial para acelerar etapas de pesquisa, desenvolvimento e validação de fármacos.
Dados oficiais indicam que, desde o início do 14º Plano Quinquenal, mais de 110 medicamentos inovadores desenvolvidos no país receberam aprovação para comercialização. Em 2024, a China ficou em segundo lugar no mundo em número de novos medicamentos em desenvolvimento. Até o fim de novembro de 2025, 68 medicamentos inovadores haviam sido aprovados, número superior ao total registrado em todo o ano anterior.