Estudo aponta avanços em pílula de ação prolongada contra malária
Pílula busca aumentar os esforços para eliminar a malária, tornando mais fácil para as pessoas obterem a medicação que precisam
AFP
Publicado em 17 de novembro de 2016 às 10h24.
Os cientistas fizeram avanços na obtenção de uma pílula que permanece no estômago e libera o seu conteúdo durante um período de duas semanas, um avanço que poderia impulsionar a luta contra a malária e outras doenças, revelou um estudo na quarta-feira.
A pesquisa, financiada pela Fundação Bill e Melinda Gates, ministrou a droga antiparasitária e antimalária ivermectina em centenas de porcos e cães através de uma cápsula que se expande temporariamente no estômago de modo que não pode passar aos intestinos até que todo o conteúdo tenha sido liberado.
Os ensaios clínicos com humanos devem começar no próximo ano, segundo os pesquisadores.
"Temos muita confiança na segurança dessas formas de dosagem", disse o principal autor do estudo, Andrew Bellinger, ex-pesquisador do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e hoje cardiologista do Brigham and Women's Hospital.
O objetivo é aumentar os esforços para eliminar a malária, tornando mais fácil para as pessoas obterem a medicação que precisam e evitando que tenham de se lembrar de tomar um comprimido diariamente.
"Fazer com que os pacientes tomem um remédio dia após dia após dia é realmente desafiador", disse Bellinger.
"Se o medicamento pudesse ser eficaz por um longo período de tempo, você poderia melhorar radicalmente a eficácia das suas campanhas de medicação em massa", acrescentou.
O pesquisador Robert Langer, também do MIT, disse que o sistema tem uma riqueza de usos potenciais.
Uma nova empresa, Lyndra, foi lançada por pesquisadores e outros para desenvolver a tecnologia de uso contra transtornos neuropsiquiátricos, HIV, diabetes e epilepsia.
"Até agora, as drogas orais quase nunca duravam mais de um dia", disse Langer.
"Isso realmente abre a porta para sistemas orais de ultra-longa duração, o que poderia ter um efeito sobre todos os tipos de doenças, como o mal de Alzheimer ou problemas de saúde mental", acrescentou.
A cápsula é "estável o suficiente para sobreviver ao ambiente áspero do estômago" e vem em forma de uma estrela com seis pontas que podem ser dobradas para dentro e revestidas para fácil deglutição.
Cada ponta é carregada com medicamentos, e estas pontas se abrem e desdobram dentro do estômago conforme o ácido destrói a camada exterior da cápsula.
A estrela permanece dentro do estômago enquanto o medicamento é liberado gradualmente, e em seguida se rompe e viaja pelo trato digestivo.
Os resultados foram publicados na revista Science Translational Medicine.