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Estação espacial chinesa deve cair na Terra — e ninguém sabe onde

Inoperante, o módulo está a 240 quilômetros de altitude e deverá entrar na atmosfera em chamas, espalhando detritos por uma área de mais de mil quilômetros

Estação Chinesa Tiangong-1 (Lintao Zhang/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de março de 2018 às 10h26.

São Paulo - Uma estação espacial chinesa de 12 metros de comprimento, 3 metros de largura e aproximadamente 8,5 toneladas está fora de controle e deverá cair na Terra, em local incerto, entre os dias 27 de março e 8 de abril, de acordo com previsão feita pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).

Inoperante, o módulo está a 240 quilômetros de altitude e deverá entrar na atmosfera em chamas, espalhando detritos por uma área de mais de mil quilômetros, segundo a ESA. A última missão tripulada a utilizar as instalações da estação ocorreu em junho de 2013.

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Segundo a ESA, a órbita da estação varia entre os paralelos 43 norte e 43 sul - o que significa que ela pode cair em praticamente qualquer lugar da América do Sul, África, Oceania, ou em amplas áreas da Ásia e da América do Norte, no sul da Europa ou nos oceanos. O mais provável, dizem especialistas, é que o módulo caia no mar.

A Estação Chinesa Tiangong-1 foi lançada em 2011 para aperfeiçoar tecnologias de acoplamento de naves. Com seu lançamento, a China se tornou o terceiro país a ter uma estação espacial em órbita, depois de Estados Unidos e Rússia.

Depois de várias missões, o módulo chinês deveria ter sido derrubado de forma segura em 2013, mas continuou em operação até 2016. Já naquele ano, o governo da China admitiu ter perdido o controle e informou não ter mais como conter a reentrada do módulo na atmosfera, de acordo com a Agência Espacial Brasileira (AEB).

Segundo a AEB, não é possível determinar com exatidão a data da reentrada da estação na atmosfera por causa de inúmeras incertezas - a principal é o efeito do atrito atmosférico.

Especialistas da ESA dizem que não é possível ter certeza de que a estação sobreviverá à reentrada, porque a China não divulgou detalhes do projeto. É possível que o módulo tenha tanques de titânio contendo hidrazina, uma substância tóxica utilizada como propelente de foguetes.

"Para fazer qualquer declaração sensata sobre a possível sobrevivência da nave, seria preciso saber o que há dentro dela. Mas os únicos que sabem o que está a bordo da Tiangong-1 - ou mesmo do que ela é feita - são os especialistas da Agência Espacial Chinesa", disse Stijn Lemmens, analista de detritos espaciais da ESA, em comunicado à imprensa.

Riscos

De acordo com a AEB, é improvável que os detritos da Tiangong-1 atinjam qualquer pessoa ou danifiquem propriedades. A AEB recomenda que ninguém se aproxime ou toque qualquer objeto espacial que tenha caído em sua proximidade, já que materiais tóxicos como a hidrazina podem sobreviver à reentrada na atmosfera.

Caso o céu esteja limpo no dia da queda da Tiangong-1, a reentrada aparecerá, para quem observá-la da Terra, como um conjunto de várias linhas brilhantes cruzando o céu em uma mesma direção.

O maior objeto feito pelo homem a cair na Terra foi a Estação Espacial MIR, da Rússia, de 120 toneladas, em 2001. Os pedaços caíram em chamas sobre o Oceano Pacífico, a 2 mil quilômetros da Austrália.

Antes disso, o Skylab, a primeira estação espacial americana, chegou a causar pânico em todo o mundo, no fim da década de 1970, quando foi anunciado que o módulo estava fora de controle e cairia em local imprevisível. A estação de 91 toneladas acabou se desintegrando e alguns detritos caíram sobre o Oceano Índico e em partes remotas da Austrália. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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