Buracos negros: entropia pode explicar como funciona o universo (Elen11/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 08h40.
Imagine que você tem uma caixa cheia de roupas. Quanto mais roupas você coloca dentro dela, mais bagunça é possível fazer e mais difícil fica encontrar alguma coisa. Essa ideia de “bagunça” é parecida com o que os cientistas chamam de entropia. Quanto mais espaço para colocar coisas, mais bagunça possível. Menos no caso dos buracos negros.
Buracos negros fazem algo totalmente contra a intuição: eles guardam a informação da “bagunça” não dentro, mas na tampa da caixa. É como se toda a desordem que acontece lá dentro só dependesse do tamanho da tampa, e não do tamanho da caixa. Essa “tampa” é o que os físicos chamam de horizonte de eventos, a fronteira de onde nada escapa.
Cientistas tentam explicar esse fenômeno com uma ideia mais palpável: a entropia poderia surgir de diferentes maneiras pelas quais a matéria despenca e se organiza quando cai num buraco negro, como vários modos diferentes de dobrar roupas antes de guardar tudo em uma mochila. Cada forma de organizar contribui para o número total de “arranjos possíveis”, que é o que define a entropia.
Se a natureza dos buracos negros segue essa lógica de superfície, talvez o universo inteiro funcione assim também. Isso significaria que a quantidade de informação no cosmos não está espalhada pelo espaço como conhecemos e sim codificada de alguma forma semelhante a uma etiqueta na borda do universo.
Os cientistas ainda não têm respostas definitivas, mas acreditam que essa linha de pensamento pode formar uma ponte entre duas áreas da física que normalmente não “conversam”: a teoria quântica (o mundo das partículas microscópicas) e a gravidade (o mundo das estrelas e galáxias). Se essa ponte existir, entender buracos negros pode ser a chave para compreender o segredo da estrutura universal.