Ciência

Depois da pandemia, startups esperam revolução da telemedicina

Usar tecnologia para tratar pacientes virtualmente tem sido um dos temas de destaque numa das maiores conferências de tecnologia, que regressou a Lisboa esta semana depois da edição online de 2020 devido à covid

Público de uma conferência da Web Summit de Lisboa. (AFP/AFP Photo)

Público de uma conferência da Web Summit de Lisboa. (AFP/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 7 de novembro de 2021 às 17h08.

De aplicativos de saúde mental a capacetes que administram remotamente descargas elétricas no cérebro de um paciente, as startups na Web Summit de Lisboa apostam em uma revolução na telemedicina assim que o mundo deixar a pandemia para trás.

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Usar tecnologia para tratar pacientes virtualmente tem sido um dos temas de destaque numa das maiores conferências de tecnologia, que regressou a Lisboa esta semana depois da edição online de 2020 devido à covid.

"A maioria das pessoas hoje usa seus telefones para muitas necessidades diárias. Por que a saúde não deveria fazer parte disso?", diz Johannes Schildt, cuja empresa Kry permite que seus usuários reservem consultas médicas remotamente.

"A pandemia acelerou a adoção dessas novas tecnologias", comentou à AFP.

Sua empresa sueca, que opera em cinco países europeus, não é a única que evita que os usuários visitem o médico pessoalmente.

E nem todas essas empresas se concentram na saúde física. A americana Calmerry é uma das muitas que oferecem sessões em videoconferência com psicólogos.

Na maioria dos sistemas públicos de saúde, a oferta é limitada ou inexistente. Com assinaturas a partir de US $ 42 por semana, a co-fundadora da Calmerry, Oksana Tolmachova, diz que uma das metas é oferecer terapia mais acessível.

Outros aplicativos empregam estratégias diferentes para combater a explosão de depressão e ansiedade causada pela pandemia em todo o mundo.

O chatbot de saúde mental Woebot convida seus usuários a falar sobre seus problemas, mas as respostas vêm de um robô de inteligência artificial e não de um terapeuta.

Embora alguns possam se surpreender com a ideia de deixar seus sentimentos virem à tona a um programa de computador, estudos indicam que confiar em um ente virtual pode encorajar as pessoas a se abrirem mais.

Sua fundadora Alison Darcy, psiquiatra e pesquisadora médica, garantiu que esse bate-papo evita o medo de que outra pessoa o julgue, comum nas interações humanas.

Além disso, dada a atual escassez de psicólogos e a alta demanda dos pacientes, a inteligência artificial pode resolver o problema, segundo Darcy.

"Precisamos de tudo para ajudar as pessoas a ficarem bem", afirma a fundadora, embora reconheça que a inteligência artificial não substitui completamente a atenção de um profissional e tem limitações.

Dúvidas sobre fiabilidade

O regulador sanitário britânico expressou preocupações em março sobre um programa de controle de sintomas usado pela empresa de telemedicina Babylon, após relatos de supostas falhas no reconhecimento de algumas doenças graves.

Os críticos da medicina a distância também se preocupam com o fato de os provedores de saúde preferirem oferecer visitas virtuais mais baratas, em vez de encontros presenciais.

Várias empresas emergentes de saúde argumentam que o futuro é uma mistura de ambos.

"O digital tem um papel importante a desempenhar, mas a experiência física também é vital. Temos clínicas físicas na Suécia, Noruega e França", explica Schildt.

Ele também rejeita as críticas de que nem todo o espectro de pacientes pode acessar os serviços de sua empresa, que requer um smartphone ou computador e uma boa conexão com a internet.

Kry tem pacientes na casa dos 90 anos que podem usar essa tecnologia, argumenta, insistindo que "o digital expande o acesso" à saúde.

Um desafio é que a legislação em vários países ainda não alcançou a revolução da telemedicina, embora já tenha começado a se adaptar nos últimos anos.

As consultas virtuais estão disponíveis na saúde pública francesa desde 2018 e a Alemanha passou a permitir que os profissionais prescrevessem o uso de aplicativos, como controladores de peso.

Entre visitas, os pacientes podem continuar monitorando sua saúde remotamente graças às startups.

Ana Maiques, cofundadora da empresa Neuroelectrics de Barcelona, mostrou ao público da Web Summit como um capacete desenvolvido por sua empresa pode monitorar os pacientes em casa.

O dispositivo usa sensores que mostram a atividade em diferentes partes do cérebro e podem impulsionar choques elétricos em áreas específicas, ajudando a tratar doenças como a epilepsia.

A empresa Idoven usa inteligência artificial para analisar dados de equipamentos domésticos de monitoramento cardíaco para detectar batimentos cardíacos irregulares que podem ser perigosos para os pacientes.

Entre seus investidores está a lenda do futebol espanhol Iker Casillas, que sofreu um ataque cardíaco em 2019. "Somos a primeira empresa do mundo capaz de fazer isso", disse o CEO Manuel Marina Breysse à AFP.

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