Ciência

Crianças transmitem pouco a covid-19 na escola, diz estudo

Pesquisa francesa indica que as crianças geralmente são infectadas por covid-19 na família, através dos pais, mas depois transmitem pouco a doença na escola

Covid-19: pesquisadores identificaram três crianças infectadas e nenhuma infectou pessoas na escola (Arne Dedert/Getty Images)

Covid-19: pesquisadores identificaram três crianças infectadas e nenhuma infectou pessoas na escola (Arne Dedert/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 23 de junho de 2020 às 11h48.

Última atualização em 23 de junho de 2020 às 11h59.

Crianças entre 6 e 11 anos transmitem pouco a covid-19 na escola, seja para seus colegas ou para adultos, um fato "tranquilizador" para os países que reabrem os colégios, de acordo com um estudo divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Pasteur da França.

"Em geral, as crianças são infectadas na família, geralmente através de seus pais, mas depois a transmitem pouco na escola", explica o principal autor do estudo, dr. Arnaud Fontanet.

O estudo corrobora outros trabalhos semelhantes, embora seus resultados sejam preliminares e ainda não tenham sido publicados em periódico especializado, prova de sua validação científica, enfatiza Pasteur.

Foi realizado em seis escolas do ensino básico em Crépy-en-Valois (norte da França), uma comunidade duramente afetada pela epidemia entre fevereiro e março. Um total de 1.340 pessoas foram submetidas a testes de detecção de anticorpos, incluindo 510 crianças, e os demais adultos, entre professores e familiares.

Os pesquisadores identificaram três crianças infectadas com o novo coronavírus antes que suas escolas fossem fechadas no âmbito do confinamento para conter a pandemia. Nenhuma delas infectou qualquer pessoa na escola durante as três semanas de exposição.

Embora seja um período relativamente curto para tirar conclusões definitivas, os dados "são outro grão de areia" que contribuem para estudos semelhantes no mundo, segundo Fontanet.

Num primeiro momento, a COVID-19 foi considerada altamente contagiosa em crianças, como o vírus da gripe. Outros estudos iniciais também mostraram que as crianças têm uma carga viral de SARS-CoV-2 tão alta quanto os adultos, sugerindo assim que infectavam da mesma forma.

"Que eu saiba, nunca houve um surto (de COVID-19) iniciado em uma escola", continua Fontanet, membro do conselho científico que aconselha o governo francês sobre o novo coronavírus.

Com a desaceleração da epidemia na Europa, alguns países começaram a reabrir escolas. Na França, todas as crianças foram autorizadas a retornar às aulas a partir de segunda-feira, após um período de transição em que apenas uma pequena porcentagem de alunos foi aceita.

"O risco de que a epidemia reapareça a partir de uma escola ou que um professor seja infectado por estudantes com menos de 10 anos de idade parece muito pequeno para mim".

Por outro lado, para estudantes de escolas de ensino médio com entre 16 e 18 anos, "tenho minhas reservas", disse Fontanet.

Um estudo anterior, igualmente liderado por Fontanet, mostrou como a epidemia explodiu em um instituto também em Crépy-en-Valois.

Entre as 1.340 pessoas analisadas nas escolas do ensino básico, 139 (81 adultos e 58 crianças) foram infectadas em algum momento pelo novo coronavírus. Entre os pequenos, isso representa 8,8%.

Um total de 61% dos pais de crianças infectadas também contraíram o vírus, em comparação com 6,9% dos pais de crianças não infectadas.

Os pesquisadores concluem que os pais geralmente infectam crianças e não vice-versa.

Os professores saíram quase incólumes: apenas 3 em 42 (7%) foram infectados.

Finalmente, mais de 41% das crianças infectadas (24 de 58) não apresentaram sintomas (em comparação com apenas 9,9% entre os adultos).

"Isso confirma o que já sabemos: as crianças desenvolvem formas leves da doença", lembra Fontanet.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusCriançasEscolasPesquisas científicas

Mais de Ciência

Cientistas criam "espaguete" 200 vezes mais fino que um fio de cabelo humano

Cientistas conseguem reverter problemas de visão usando células-tronco pela primeira vez

Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos

Como esta cientista curou o próprio câncer de mama — e por que isso não deve ser repetido