Ciência

Corrente de jato presa e mudança climática causam clima extremo

O mundo está mais quente em geral; pelo menos 170 pessoas morreram em incêndios, inundações e ondas de calor em três continentes

Cientistas do clima afirmam que o aquecimento provocado pelo homem contribui muito para as ondas de calor (Bloomberg/Bloomberg)

Cientistas do clima afirmam que o aquecimento provocado pelo homem contribui muito para as ondas de calor (Bloomberg/Bloomberg)

Retorcidas, dobradas, presas ou paradas: não importa como você as descreve, o fato é que as correntes de jato - as correntes de ar que rodeiam o planeta - estão se comportando de modo estranho.

A lista de calamidades inclui incêndios na Escandinávia, na Grécia e na Califórnia, calor recorde no Texas, no Japão e na África, e alagamentos ao longo da Costa Leste dos EUA que poderiam durar mais uma semana. O mundo está mais quente em geral, o que significa que quando as temperaturas aumentam, elas sobem a partir de uma linha de base mais alta.

"Temos observado um comportamento extremo nas correntes de jato, em que a corrente de jato se contorce em caracóis extremos, tanto acentuadamente em direção aos polos, com zonas de alta pressão, quanto em mergulhos para o equador, com zonas de baixa pressão", disse Jeff Masters, cofundador da Weather Underground em Ann Arbor, Michigan. "Essa configuração extrema permanece presa no lugar, por isso essas regiões estão registrando períodos longos de clima extremo."

Ao todo, pelo menos 170 pessoas morreram em incêndios, inundações e ondas de calor em três continentes. Os mercados de energia elétrica — e do carvão e do gás natural que geram essa energia — dispararam em todo o mundo, porque os dias de temperaturas altas na Ásia, na América do Norte e na Europa continuam acumulando-se e os habitantes exaustos recorrem a aparelhos de ar-condicionado para aplacar o sofrimento.

Na Califórnia, partes do Parque Nacional de Yosemite foram fechadas e os visitantes foram instruídos a fugir porque um incêndio está se alastrando nas florestas e montanhas, de acordo com o Departamento Florestal e de Proteção contra Incêndios da Califórnia, também conhecido como Cal Fire. O incêndio Ferguson, como foi chamado, matou pelo menos uma pessoa, consumiu mais de 15.000 hectares e está cerca de 25 por cento contido. Por causa da fumaça dos incêndios, foi emitido um alerta sobre a qualidade do ar nas montanhas e nos sopés da região central da Califórnia, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA.

Mudança climática

A ciência precisará de tempo para estudar se este verão extremamente quente no Hemisfério Norte foi provocado pela mudança climática ou pela má sorte de quem está assando, transpirando e sufocando, mas este é um retrato do aquecimento global. Também podem ser necessários estudos para identificar a causa exata do bloqueio atmosférico registrado em julho deste ano, disse Greg Carbin, chefe da área do Centro de Previsões Meteorológicas dos EUA, em College Park, Maryland.

"É como a história do ovo e da galinha", disse Carbin. "É realmente difícil saber o que veio primeiro na atmosfera, porque tudo está muito interligado."

Os cientistas do clima afirmam que têm muita certeza de que o aquecimento provocado pelo homem contribui para as ondas de calor, simplesmente porque a composição atmosférica mudou drasticamente durante uma ou duas das últimas gerações.

"É importante saber que toda onda de calor tem causas naturais e que agora também tem causas humanas", disse Michael Wehner, cientista sênior do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley. "Então, em linguagem simples, a mudança climática simplesmente faz com que essas ondas de calor sejam mais quentes do que teriam sido sem ela."

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