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Como deve funcionar a usina solar espacial planejada pela China

Instalação pode gerar, em tese, energia em 99% do tempo, com até seis vezes mais eficiência do que uma usina em terra

(NASA/Divulgação)
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Gustavo Gusmão

Publicado em 24 de fevereiro de 2019 às 07h01.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2019 às 07h01.

São Paulo — A China anunciou nesta semana que está trabalhando em uma iniciativa um tanto quanto inusitada: uma usina solar no espaço. A ideia é otimizar a coleta de luz do Sol, captando-a antes que ela se dissipe na atmosfera da Terra. A instalação pode gerar, em tese, energia em 99% do tempo, com até seis vezes mais eficiência do que uma usina em terra, conforme estimou um pesquisador da academia chinesa de tecnologia espacial ao jornal local Science and Technology Daily. Mas o plano parece até coisa de ficção científica.

Construir uma usina solar no espaço não é uma ideia exatamente nova. Como lembra uma reportagem do site Nature, Estados Unidos e Japão já flertaram com essa ideia. Mas não é barato — e nem fácil —  enviar uma instalação do tipo para o espaço, já que ela poderia facilmente pesar mais de 1.000 toneladas. A Estação Espacial Internacional, para efeito de comparação, tem menos da metade disso.

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Por isso, os pesquisadores chineses envolvidos no projeto pensam em usar um grupo de robôs e impressão 3D para construir a usina final diretamente no espaço. Soa surreal, mas o plano é de longo prazo e há tempo para a tecnologia necessária ser desenvolvida. A China só pretende começar a obra final em algum momento entre 2030 e 2050.

Antes de operar no espaço, o objetivo é primeiro testar tecnologias para transmissão de energia sem fio, mantendo a alta voltagem, segundo reportagem do jornal australiano The Sydney Morning Herald. A proposta chinesa é enviar a eletricidade gerada pela usina por meio de micro-ondas ou até mesmo raios laser para uma base na Terra, e aí sim distribuí-la. Não é algo impossível de se fazer, apesar de ser bastante complexo, como já argumentaram pesquisadores do California Institute of Technology (Caltech) em 2016.

A pesquisa deve se estender pelos próximos dez anos, na previsão dos chineses, e envolver a construção e lançamento de uma usina de teste de pequeno porte ainda na década de 2020. Feito isso, o passo seguinte, a ser dado a partir de 2030, é montar um modelo um pouco maior para continuar testando a eficiência do projeto. Concluídos os testes, aí sim será a hora de começar a construir a usina gigante — para concluí-la antes de 2050, se tudo der certo.

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