Cientistas garantem perfeição assimétrica da bola da Copa 2018
Para que bola fosse aprovada, ela foi esmagada 250 vezes dentro de tanque com água e só foi aprovada quando, depois disso, reteve volume mínimo de água
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de junho de 2018 às 18h23.
Última atualização em 6 de junho de 2018 às 18h43.
Genebra - Magia ou ciência? Uma bola perfeita ou repleta de deformações? Para o laboratório suíço que testou a bola da Copa do Mundo da Rússia , ela passou em todos os testes. Mas as impressões de que ela não teria um voo coerente não vêm nem de problemas de sua circunferência, resistência e nem peso. A diferença desta vez, segundo os cientistas, é o efeito ótico que o objeto gera.
O laboratório suíço Empa anunciou que, depois de milhares de testes, a Telstar 18 recebeu um "selo de aprovação". "Alguns goleiros têm sido críticos sobre suas características em voo. Mas a razão seria sua aparecia não convencional", explicou o laboratório, apontando para as críticas já feitas pelos espanhóis De Gea e Pepe Reina, entre outros.
Os responsáveis pelo laboratório afirmam que, mesmo que o futebol viva de emoções, seu trabalho é técnico. "Impressões são subjetivas", disse Martin Camenzind, representante do laboratório que há 22 anos realiza os testes para a Fifa.
Para que a bola fosse aprovada, ela foi esmagada 250 vezes dentro de um tanque com água. Ela é apenas aprovada se, mesmo depois disso, reter apenas um volume mínimo de água. Outro teste se refere a garantir que a bola sempre salte na mesma altura ao ser largada de uma distância de dois metros.
"Para provar que a bola é uma esfera perfeita, ela é medida em não menos que 4 mil pontos", destaca o laboratório. "E finalmente, a bola precisa manter seu formato, mesmo que seja chutada duas mil vezes contra um muro de aço, a 50 quilômetros por hora", explica. "Nem todas as bolas passam nos testes e não é apenas circunferência ou peso que se mede", apontou o laboratório, em um comunicado.
Mas, no caso da versão da Adidas em 2018, a realidade é a de que é sua textura que traz inovações, com o plástico ganhando uma nova projeção. "E é essa superfície que é responsável pelo voo imprevisível da bola", reconhecem os cientistas.
Se os goleiros que já a testaram a julgam "estranha", Camenzind contra-ataca. "O que entra em jogo aqui é a ótica", disse. "A Telstar 18 não é feita de hexágonos tradicionais e pentágonos, mas de elementos irregulares com impressões assimétricas", explica o laboratório. "Portanto, a bola que voa pode gerar uma visão pouco comum sob condições de luzes apropriadas", diz.
"Num estudo que fizemos a partir de um pé controlado por um computador, mostramos que a bola acusada de um comportamento estranho de forma alguma se comportou dessa forma nos experimentos", diz o laboratório. "O fato de a trajetória de uma bola ser complexo e, de acordo com teorias de aerodinâmica, as vezes caótica é usada a seu favor por jogadores profissionais", insiste o Empa.
"Ao contrário de um projétil que descreve um parábola perfeita, a bola se deforma quando um jogador a chuta", diz. Para Camenzind, grandes jogadores usam justamente desse fato para dar efeitos especiais.
"Mas isso não é uma questão de mágica, e sim de física aplicada", insiste. "Tudo isso precisa ser perfeitamente ensaiado, já que uma vez que o pé atinja a bola, o jogador não pode mais influenciar deliberadamente sobre seu movimento", destaca.
"No instante do chute, a física do pé e da bola precisam se encaixar perfeitamente", afirma o laboratório. "São bolas com qualidade consistente que permitem que possamos viver momentos mágicos em campo", completam os suíços.