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Cientistas descobrem melhor região para vida em Marte

Segundo os pesquisadores, o melhor lugar para morar em Marte não estava onde os rovers podem ver

Marte: planeta pode ter sido quente e úmido há bilhões de anos (nemchinowa/Getty Images)

Marte: planeta pode ter sido quente e úmido há bilhões de anos (nemchinowa/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 5 de dezembro de 2020 às 08h00.

Cientistas da Universidade Estadual de Nova Jérsei, nos Estados Unidos, apontam que, se existir vida em Marte, um lugar em específico seria o melhor lugar para ela.

"Mesmo se gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono e a água em vapor, estavam presentes no começo da atmosfera marciana em simulações em computadores, os modelos climáticos ainda têm problemas em considerar um planeta Marte quente e úmido", afirmou o autor do estudo, Lujendra Ojha. Segundo os pesquisadores, o melhor lugar para morar em Marte não estava onde os rovers podem ver, mas sim muito mais abaixo.

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A Universidade Estadual de Nova Jérsei está tentando refutar o paradoxo conhecido como o paradoxo do jovem Sol fraco. Nele é afirmado que, há cerca de 4 bilhões de anos, o Sol tinha uma presença muito mais fraca no Sistema Solar, o que contribuía para o clima de Marte ser congelante. Apesar disso, a superfície de Marte apresenta diversos indicadores geológicos de água em ambundância muito antes disso, de 4,1 bilhões de anos a 3,7 bilhões de anos atrás. É esse o paradoxo: a contradição entre a geologia e os modelos climáticos.

O estudo indica que, em planetas rochosos como Marte, Vênus, Mercúrio e na própria Terra, elementos como tório e potássio podem gerar calor quando passam por uma desintegração radioactiva --- em um cenário como esse, a água líquida pode ser gerada por um derretimento no fundo do gelo, mesmo se o Sol realmente fosse mais fraco do que é hoje em dia.

Na Terra, por exemplo, o calor geotérmico causa lagos subglaciais em lugares da Antártica, Groelândia e do Ártico Canadense. A teoria é que uma situação parecida aconteceu em Marte no começo de sua existência.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas examinaram diversos dados sobre o planeta vermelho para entender se o calor geotérmico foi uma possibilidade --- o que os dados mostraram foi que as condições necessárias para o derretimento de camadas de gelo eram onipresentes no planeta Marte antigo. Mesmo com um clima quente e úmido há 4 bilhões de anos, ao perder seu campo magnético, ao sofrer o afinamento de sua atmosfera e passar por baixas temperaturas, a água líquida só pode ter sido possível em grandes profundidades. Então, se a vida foi originada em Marte, ela provavelmente seguiu o caminho para encontrar a água no "buraco do mundo".

Em um outro estudo publicado na revista científica Nature, realizado pelo rover Curiosity — que envolve cientistas das universidades de Jackson, Cornell, Hawaii e do Jet Propulsion Laboratory, da Nasa --- outros pesquisadores afirmaram que Marte, em seu princípio, passava por megainundações, que seriam as responsáveis pela forma como a superfície marciana é apresentada nos dias atuais e também foram responsáveis por alterar o clima do planeta, dando origem às ondulações na superfície do planeta. Nos últimos anos, foi descoberta uma quantidade considerável de água em Marte.

Marte ainda é uma caixinha de surpresa para os humanos --- e um grande mistério vermelho.

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