Gato laranja (PickPik/-)
Redação Exame
Publicado em 10 de dezembro de 2024 às 05h01.
Após seis décadas de pesquisas, geneticistas descobriram o que faz alguns gatos serem da cor laranja. Segundo um estudo feito por pesquisadores de Stanford, um gene em específico é o responsável pela coloração nesse tipo de gato doméstico.
O segredo está em um segmento ausente de DNA localizado em uma parte não codificadora do genoma dos felinos, de acordo com duas pesquisas separadas.
Greg Barsh, geneticista da Universidade de Stanford, explicou que células da pele de gatos laranjas expressam 13 vezes mais RNA do gene Arhgap36 do que aquelas de gatos sem pelos laranjas.
Contudo, ao contrário do esperado, não foi a sequência que codifica a proteína que apresentou a mutação, mas uma seção anterior ao gene, onde foi identificada uma exclusão de 5 kilobases (kb) no DNA. Este trecho ausente foi encontrado em todos os gatos laranja analisados em um banco de dados de 188 gatos. O estudo ainda não foi revisado por pares.
Como previam hipóteses anteriores, o gene responsável está localizado no cromossomo X, o que explica as diferenças na manifestação da cor entre machos e fêmeas. Enquanto a maioria dos gatos laranjas é macho, as fêmeas geralmente apresentam padrões variados, como o calico (manchas de preto, laranja e branco) ou o tortoiseshell (mescla de laranja e preto).
Isso ocorre porque fêmeas possuem dois cromossomos X e inativam aleatoriamente um deles em cada célula durante o desenvolvimento.
Em gatos laranjas, algumas células ativam o cromossomo com a mutação, enquanto outras ativam o cromossomo "normal". Assim, surgem os padrões de cores mistos. Nos casos raros em que ambos os X possuem a mutação, as fêmeas podem exibir uma coloração completamente laranja.
A segunda equipe de pesquisadores, liderada pelo geneticista Hidehiro Toh, da Universidade de Kyushu, também identificou o papel do Arhgap36 na coloração laranja. Eles descobriram que a maior expressão deste gene suprime os genes de pigmentação escura, convertendo os tons de marrom-escuro para preto em pigmentos avermelhados ou amarelados.
Embora anedotas associem gatos laranjas a comportamentos mais "desastrados", não há evidências científicas que liguem a mutação a prejuízos cognitivos ou de saúde. O gene parece atuar exclusivamente nos melanócitos, células responsáveis pela pigmentação, sem impacto em outros tecidos ou funções.
Esse avanço na compreensão genética dos felinos destaca não apenas a diversidade da biologia, mas também como um pequeno segmento de DNA pode transformar as características visíveis de um animal.