Ciência

Cardume com mais de um quilômetro se aproxima da orla do Rio; veja vídeo

Fenômeno está relacionado à ressurgência, processo oceanográfico comum no litoral fluminense nesta época do ano

Cardume: grande quantidade de peixes é vista em praia do Rio de Janeiro. (Reprodução/X)

Cardume: grande quantidade de peixes é vista em praia do Rio de Janeiro. (Reprodução/X)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 27 de dezembro de 2025 às 09h59.

Um grande cardume passou a ser observado nesta semana em praias da zona sul do Rio de Janeiro, como Arpoador, Ipanema, Leme e Copacabana.

As manchas de peixes, visíveis a olho nu e registradas por drones e helicópteros, chegaram a ultrapassar um quilômetro de extensão e permaneceram próximas da faixa de areia, permitindo que banhistas nadassem ao redor dos animais.

Segundo o biólogo Marcelo Vianna, professor titular do Departamento de Biologia Marinha da UFRJ, os peixes são, provavelmente, sardinhas ou manjubas. De acordo com ele, o tamanho aparente do cardume é ampliado pelo fato de os animais estarem nadando muito próximos à superfície.

O cardume ocupa uma faixa rasa da coluna d’água, o que cria grandes sombras vistas de longe e aumenta a percepção de volume .

Ressurgência explica presença dos peixes no litoral

O fenômeno está relacionado à ressurgência, processo oceanográfico comum no litoral fluminense nesta época do ano. Durante o verão, ventos predominantes e a configuração da costa fazem com que águas mais frias e profundas subam à superfície, trazendo nutrientes acumulados no fundo do mar.

Esse enriquecimento da água favorece o crescimento de fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha, o que atrai cardumes de peixes pequenos que se alimentam dessas microalgas.

A aproximação de cardumes ocorre todos os anos, mas em 2025 os peixes apareceram em maior quantidade e mais próximos da costa , segundo Vianna.

A geógrafa Flávia Lins de Barros, coordenadora do Laboratório de Geografia Marinha da UFRJ, explica que a ressurgência se inicia na região de Cabo Frio e avança em direção ao litoral carioca, impulsionada por ventos de sudeste mais intensos no verão.

Qualidade da água e alerta ambiental

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que as manchas observadas não têm relação com poluição. Segundo o órgão, a maior visibilidade dos cardumes está associada à melhora gradual da qualidade da água e às condições oceanográficas favoráveis.

Apesar disso, especialistas alertam para os riscos provocados pelo acúmulo de lixo nas praias durante a alta temporada. Plásticos e embalagens de isopor descartados na areia e no mar podem se fragmentar em microplásticos e ser ingeridos pelos peixes.

Esses resíduos podem afetar diretamente os animais que se alimentam na região costeira , destacou o biólogo Marcelo Vianna.

O aumento do monitoramento aéreo com drones e helicópteros também contribuiu para que o fenômeno fosse registrado com mais frequência, ampliando a repercussão das imagens do cardume próximo à orla carioca.

*Com informações do O Globo

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