Ciência

Câncer em duas crianças pode ter surgido antes do nascimento, diz pesquisa

A transmissão de câncer entre mães e crianças é algo extremamente raro; outro caso foi reportado em 2009

Câncer: transmissão entre mãe e filho é rara (Reprodução/Thinkstock)

Câncer: transmissão entre mãe e filho é rara (Reprodução/Thinkstock)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 09h02.

Duas crianças no Japão nasceram com células cancerígenas que podem ter sido originadas ainda no útero da mãe ou pouco depois do nascimento. O primeiro bebê, um menino de 23 meses, foi diagnosticado com câncer de pulmão, enquanto a segunda criança tinha seis anos de idade quando começou a reclamar de dores no peito, levando ao diagnóstico de um tumor no pulmão esquerdo.

Essa é a descoberta de um grupo de cientistas do Chitose Ogawa, no Hospital Nacional de Câncer de Tóquio. O que pode ter acontecido com os meninos foi uma provável transmissão vaginal – probabilidade encontrada enquanto os pesquisadores sequenciavam o DNA dos tumores das crianças para um teste clínico.

Foi durante essa pesquisa que eles descobriram que as células dos tumores tinham uma quantidade baixa do cromossomo Y, encontrado na maioria das células masculinas.

Os testes celulares também mostraram que existia traços do vírus do papiloma humano (HPV) nos tumores, conhecido por causar câncer cervical. Ambas as mães foram diagnosticadas com câncer cervical em períodos diferentes — a primeira, apenas três meses após o nascimento do filho, e a segunda logo após o parto.

A principal teoria dos especialistas ouvidos pela revista científica New Scientist – sem relação com o estudo – é a de que algumas células cancerígenas podem ter chegado ao líquido amniótico (que envolve o embrião durante uma gestação) na fase final da gravidez.

Além disso, as duas crianças nasceram de partos normais, o que pode ter tornado possível a inalação de células tumorais.

Em 2009 uma mãe passou leucemia para seu filho quando ele ainda estava em seu útero, conforme reportado pelo jornal britânico The Guardian. Segundo o jornal, esse foi o primeiro caso comprovado de células cancerígenas sendo passadas na placenta.

Isso aconteceu porque, segundo os cientistas, a criança tinha uma mutação genética que fazia com que as células cancerígenas se tornassem irreconhecíveis para o sistema imunológico, apesar de um bebê no útero ter um sistema que pode destruir células malignas.

A transmissão de câncer entre mães e crianças é algo extremamente raro e apenas um a cada mil nascimentos envolvem uma mãe com câncer, sendo que esse tipo de situação acontece apenas em uma a cada 500 mil mães que têm algum tipo de câncer.

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