Brasil vai testar superpílula contra doenças cardiovasculares
Pílula será testada em 22 hospitais do Brasil em quatro meses
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2011 às 10h19.
São Paulo - Uma superpílula, que reunirá num único comprimido quatro medicamentos para combater as doenças cardiovasculares, deve ser testada em 22 hospitais do País dentro de quatro meses. Estudos iniciais, feitos no Brasil pelo Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, indicaram que a polipílula reduziu em até 60% os riscos de uma pessoa sofrer enfarte ou acidente vascular cerebral (AVC,o derrame), além de controlar o colesterol e a pressão arterial.
O multicomprimido combina duas substâncias para o controle da pressão arterial, uma que atua sobre o colesterol e outra que evita o entupimento dos vasos sanguíneos do coração. Comprovada a função preventiva do remédio, agora os pesquisadores irão verificar como ele age em pacientes que já tiveram problemas cardiovasculares. E o Ministério da Saúde já aguarda esses resultados para incluir o medicamento na lista de remédios distribuídos gratuitamente - o que deve ocorrer em 2013. No País, as doenças cardiovasculares são as principais causas de morte.
Cerca de dois mil pacientes brasileiros que já tiveram enfarte ou derrame testarão o produto, por 18 meses, nessa segunda fase de pesquisa. Outros cinco países também participarão dessa etapa. "Na previsão mais pessimista, o tratamento dos pacientes (fase experimental) deve iniciar em outubro ou novembro", conta Otávio Berwanger, diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração e coordenador nacional
da pesquisa.
Ao todo, oito mil pessoas receberão o remédio multifuncional no mundo. "Estamos na fase regulatória nos comitês éticos hospitalares e na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e aguardamos a aprovação", completa Berwanger. Ele conta que os resultados da primeira fase, da qual participaram 400 voluntários, animaram os especialistas. Na ocasião foram avaliadas pessoas com risco cardiovascular moderado. "Consideramos "moderados" os pacientes que nunca sofreram enfarte ou AVC, mas têm predisposições, como fumo, sedentarismo, obesidade ou pressão alta", explica.
Os primeiros estudos sobre a superpílula começaram em 2006. Além de reduzir o risco cardiovascular dos pacientes, controlando a pressão e as taxas de colesterol, o remédio não oferece ações adversas diferentes daquelas já esperadas para o tratamento convencional desse grupo - náuseas, dores de estômago e cabeça, além de sangramentos. As informações são do Jornal da Tarde.