Aumento das temperaturas globais ameaça "sufocar" os oceanos
O alerta vem do mais abrangente estudo já realizado sobre o assunto e publicado na revista Nature
Vanessa Barbosa
Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 16h57.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2017 às 17h38.
São Paulo - O oxigênio é essencial para a vida no Planeta , seja em terra ou mar. No entanto, o fornecimento desse gás para os seres marinhos está ameaçado pelo aquecimento global .
O alerta vem do estudo mais abrangente já realizado sobre a perda de oxigênio nos oceanos e publicado nesta semana na revista científica Nature.
De acordo com a pesquisa, o conteúdo de oxigênio oceânico diminuiu mais de dois por cento nos últimos 50 anos.
O fornecimento de oxigênio nos oceanos é ameaçado pelo aquecimento global de duas maneiras. A primeira é que águas de superfície mais quentes retêm menos oxigênio do que as águas mais frias.
Além disso, a água mais quente influencia a estratificação do oceano , tornando praticamente estanque a separação entre líquido quente, no topo, e frio, nas profundezas.
Isso enfraquece a circulação que liga a superfície com o oceano profundo e menos oxigênio é transportado para baixo. Por tabela, a redução da oferta de oxigênio oceânico tem consequências importantes para os organismos marinhos.
"Como os peixes grandes, em particular, evitam ou não sobrevivem em áreas com baixo teor de oxigênio, essas mudanças podem ter conseqüências biológicas de longo alcance", diz em nota à imprensa Sunke Schmidtko, o principal autor do estudo, do Geomar Helmholtz Centro de Pesquisa Oceanográfica, em Kiel, na Alemanha.
O estudo reconhece que processos naturais ao longo de décadas também podem ter contribuído para a diminuição observada do oxigênio.
No entanto, os resultados da pesquisa são consistentes com a maioria dos cálculos de modelos que preveem diminuição do oxigênio nos oceanos devido a maiores concentrações de dióxido de carbono atmosférico e consequentemente maiores temperaturas globais.
Além dos efeitos sobre a biodiversidade, essa perda também pode ter consequências prejudiciais para pescas e economias costeiras.