Lua: asteroide pode atingir satélite em 2032 (VICTOR HABBICK VISIONS/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 25 de dezembro de 2025 às 00h01.
Um asteroide com cerca de 60 metros de diâmetro, batizado de 2024 YR4, está no centro das atenções da comunidade científica internacional. Detectado em dezembro de 2024, o objeto celeste inicialmente levantou preocupações sobre uma possível colisão com a Terra — cenário já descartado.
Agora, no entanto, os olhos estão voltados para a Lua: há uma chance de 4% de que o asteroide atinja nosso satélite natural em 22 de dezembro de 2032.
Embora a probabilidade pareça pequena, os efeitos de um impacto seriam significativos — e não apenas para a superfície lunar.
Segundo um estudo apresentado pelo astrônomo Paul Wiegert e sua equipe, um impacto de YR4 na Lua liberaria cerca de 6,5 megatons de energia — aproximadamente 400 vezes a bomba de Hiroshima — e criaria uma cratera de 1 km de diâmetro. Mas o dado mais alarmante vem dos fragmentos ejetados pela colisão.
Simulações indicam que até 10% dos detritos gerados poderiam escapar da gravidade lunar e alcançar a órbita da Terra em poucos dias. Esse material, composto por fragmentos de até 10 milímetros, poderia circular em torno do planeta por meses ou até anos, elevando drasticamente o risco de colisões com satélites ativos.
A maior preocupação dos cientistas é com os satélites em operação em órbita baixa da Terra, usados em comunicações, navegação, meteorologia e defesa. Fragmentos lançados a altas velocidades poderiam causar danos sérios mesmo com dimensões milimétricas.
Além disso, missões tripuladas planejadas para os próximos anos — incluindo os voos do programa Artemis, da Nasa — estariam expostas a uma maior probabilidade de impacto com detritos espaciais. O risco é considerado pequeno (em torno de 1%), mas graves o suficiente para justificar medidas de prevenção.
De acordo com o pesquisador Patrick King, da Universidade Johns Hopkins, 86% dos locais possíveis de colisão estão na face da Lua voltada para a Terra. Isso significa que, em caso de impacto, o clarão gerado pela explosão poderia ser visto a olho nu, especialmente de regiões como o Havaí e o oeste dos EUA, desde que as condições atmosféricas permitam.
A próxima janela crítica de observação será em fevereiro de 2026, quando o Telescópio Espacial James Webb poderá observar o asteroide com mais precisão. Essas medições deverão ajudar a confirmar (ou descartar) a possibilidade real de colisão lunar.
Se o risco persistir, cientistas já discutem opções de intervenção preventiva, como desviar o asteroide com impacto cinético — ou, em último caso, com uma explosão nuclear controlada.
Ainda que o impacto lunar não aconteça, o caso do 2024 YR4 serve como um alerta claro sobre as consequências indiretas de eventos cósmicos.
Ele amplia a discussão sobre defesa planetária e mostra que a segurança espacial não se resume a evitar impactos diretos na Terra — é preciso considerar todo o sistema ao nosso redor.