Anvisa diz que não pode liberar vacina Sputnik V sem aval da área técnica
Em ação aberta pelo governo da Bahia no Supremo Tribunal Federal, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária alegou que não pode abrir mão de uma análise própria da vacina russa
Bianca Alvarenga
Publicado em 25 de janeiro de 2021 às 18h44.
Última atualização em 25 de janeiro de 2021 às 18h59.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não pode autorizar o uso emergencial da vacina russa Sputnik V no enfrentamento à Covid-19 sem que haja uma análise da área técnica do órgão regulador brasileiro.
O governo da Bahia havia recorrido ao Supremo para liberar a importação e distribuição do uso do imunizante mesmo sem decisão da agência, caso a vacina tivesse o aval de autoridade regulatória estrangeira ou da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Em resposta ao ministro Ricardo Lewandowski, relator da ação, a Anvisa disse que submeter uma "análise técnica" do órgão regulador brasileiro a uma decisão de autoridade estrangeira "equivale a uma total abdicação da soberania nacional".
"Cuida-se, em verdade, não apenas de decretar a inutilidade de autarquia federal, ente especializado e permanente da Administração Pública Nacional, mas de reconhecer capitis diminutio (perda de autoridade) do Estado brasileiro", disse o diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres.
"Não se pode ignorar, ademais, que mesmo quando agências sanitárias de diferentes países utilizam parâmetros similares para o registro de medicamentos, os fatos aos quais se aplicam tais parâmetros podem divergir imensamente, influenciando a decisão sobre a eficácia e segurança do uso de determinado produto em cada um deles", completou.
A Sputnik V não recebeu ainda o aval da Anvisa para realizar os ensaios clínicos de Fase 3 no Brasil, uma das condições para pedir autorização de uso emergencial no país. A vacina russa, por outro lado, já obteve o aval de uso em outros países, como os vizinhos Paraguai e Argentina.