Ciência

Alzheimer pode ser identificado com 30 anos de antecedência, diz estudo

Cientistas descobrem indicadores de Alzheimer no corpo humano que adiantam o diagnóstico

Alzheimer: pesquisadores descobrem indícios de como diagnosticar a doença com anos de antecedência (ALFRED PASIEKA/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

Alzheimer: pesquisadores descobrem indícios de como diagnosticar a doença com anos de antecedência (ALFRED PASIEKA/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 18 de maio de 2019 às 05h55.

Última atualização em 18 de maio de 2019 às 05h55.

São Paulo - O Mal de Alzheimer, que prejudica o funcionamento da memória do ser humano e altera seu comportamento, pode demorar para se manifestar no indivíduo. Sua fase inicial - leve - se apresenta no início da velhice. Para acelerar a identificação, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, EUA, descobriram uma série de biomarcadores no corpo que podem adiantar o diagnóstico da doença em cerca de 30 anos. 

Ao analisar os registros de mais de 290 pessoas - sendo que a grande maioria possuía chances de desenvolver a doença por tê-la em histórico familiar -, os cientistas foram capazes de localizar diversas mudanças clínicas e biológicas relacionadas ao Alzheimer. As mudanças corporais já começaram a serem observadas, em alguns pacientes, em 1995.

No fim do período de análise, foi descoberto que 81 dos pacientes tinham desenvolvido problemas cognitivos ou demência, e seus registros mostravam diferenças em relação aos demais participantes. Além disso, os pesquisadores também descobriram que a proteína tau - relacionada ao Alzheimer - teve um aumento em seus defeitos, o que leva ao desencadeamento da doença.

"Pode ser possível utilizar imagens cerebrais e análise do fluido espinhal para avaliar o risco de Alzheimer pelo menos 10 anos, ou mais, antes que ocorram os sintomas mais comuns", afirmou Laurent Younes, um dos pesquisadores do estudo, em comunicado. Os cientistas também tiveram acesso a imagens de ressonância magnética (MRI), que foram transformadas em algoritmos computadorizados para descobrir mudanças na anatomia cerebral.

Outra mudança relevante encontrada pelo grupo de pesquisadores foi uma alteração no tamanho da parte medial do lobo temporal, conectado às memórias. Essa informação se liga a um artigo anterior feito pela mesma equipe. Nele, métodos computacionais foram usados para descobrir uma conexão entre diminuição do tecido interno do lobo temporal e o comprometimento nas habilidades cognitivas do ser humano.

Essas informações, combinadas, funcionam como uma série de marcadores da doença que podem ser utilizados, futuramente, para o diagnóstico da doença (mesmo em diferentes estágios de seu desenvolvimento). É importante ressaltar que a pesquisa ainda está em sua fase inicial, e que a amostra é pequena demais para gerar resultados conclusivos. Ainda assim, as expectativas para o futuro são otimistas.

O objetivo final da pesquisa é encontrar a combinação certa de marcadores que indiquem um aumento de risco do comprometimento cognitivo, e usar essa ferramenta para orientar eventuais intervenções médicas.

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