Ciência

Agências espaciais revelam primeira sonda que viajará a Mercúrio

O lançamento da sonda, batizada BepiColombo, está previsto para 2018, na que será a 1ª missão da ESA ao planeta mais próximo do Sol

Sonda BepiColombo: "A chegada a Mercúrio está prevista para 5 de dezembro de 2025" (ESA–C/Carreau/CC BY-SA 3.0 IGO/Divulgação)

Sonda BepiColombo: "A chegada a Mercúrio está prevista para 5 de dezembro de 2025" (ESA–C/Carreau/CC BY-SA 3.0 IGO/Divulgação)

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AFP

Publicado em 6 de julho de 2017 às 16h33.

As agências espaciais europeia ESA e japonesa JAXA revelaram nesta quinta-feira a sonda que realizará uma viagem de sete anos até Mercúrio, o planeta rochoso mais misterioso do Sistema Solar.

O lançamento da sonda, batizada BepiColombo, está previsto para 2018, na que será a primeira missão da Agência Espacial Europeia ao planeta mais próximo do Sol.

BepiColombo tem uma altura de 6,4 metros e é composta de dois módulos - um europeu e outro japonês - que se separarão na chegada para orbitar em eixos diferentes ao redor de Mercúrio.

"Sua missão é continuar estudando os muitos resultados intrigantes da missão Messenger da agência espacial americana, a Nasa, investigando mais do que nunca os mistérios de Mercúrio", indicou a ESA.

Até hoje só chegaram a Mercúrio duas missões da Nasa: a Mariner 10, na década de 1970, e a Messenger, que girou em volta desse planeta entre 2011 e abril de 2015, quando acabou seu combustível.

Esta obra-prima da tecnologia europeia contou com a participação de mais de 33 empresas de 12 países da União Europeia, com a colaboração dos Estados Unidos, Japão e Rússia, com um custo total de mais de 1,3 bilhão de euros.

O projeto atrasou em várias ocasiões, mas os cientistas asseguram que, em março de 2018, a sonda estará pronta para ser trasladada para a base de lançamento espacial europeia de Kourou, na Guiana Francesa, de onde partirá no mesmo ano rumo a Mercúrio.

"A chegada a Mercúrio está prevista para 5 de dezembro de 2025", anunciou Ulrich Reininghaus, chefe do projeto BepiColombo da ESA.

"Mercúrio é o mais estranho de todos os planetas rochosos", explicou Álvaro Giménez, diretor de ciência e exploração robótica da ESA durante a apresentação, no Centro Europeu de pesquisa e de Tecnologia Espaciais de Noordwijk, oeste da Holanda.

O planeta, situado a apenas 58 milhões de quilômetros do Sol, atinge temperaturas extremas que vão de -180º a 430º centígrados. Sua superfície tem altos níveis de radiação que destruiriam qualquer forma de vida terrestre.

Missão a "um forno para pizzas"

Mercúrio e a Terra são os únicos planetas rochosos que contam com um campo magnético. No caso de Mercúrio, porém, este campo não age como um escudo contra a radiação solar.

Sua proximidade do Sol também complica muito seu estudo a partir da Terra, pois o brilho é tão potente que impede a visibilidade com o telescópio, e a forte gravidade do astro dificulta a colocação em órbita estável de um artefato ao redor de Mercúrio.

As altas temperaturas representaram um desafio para os engenheiros, entre eles o construtor aeronáutico Airbus, provocando vários atrasos no projeto, indicaram os responsáveis pela missão.

O módulo europeu foi revestido com um "isolante contra altas temperaturas" concebido especialmente e "composto de 50 camadas de cerâmica e alumínio".

As antenas são de "titânio resistente ao calor, coberto com um revestimento desenvolvido recentemente", detalhou a Airbus.

"Voamos em direção a um forno para pizzas", comparou Ulrich Reininghaus.

A missão estudará as particularidades da estrutura interna de Mercúrio, seu campo magnético e sua interação com o Sol e o vento solar.

"Esta será provavelmente a missão mais complicada já realizada", apontou Giménez. "É difícil chegar lá e é difícil trabalhar lá".

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