Abuso de codeína e ibuprofeno pode levar à morte; combinação é usada recreativamente
A Agência Europeia do Medicamento (EMA) emitiu recentemente um alerta associando o uso prolongado dos medicamentos com problemas renais e até ao risco de morte
Da redação, com agências
Publicado em 5 de outubro de 2022 às 15h41.
Última atualização em 5 de outubro de 2022 às 15h48.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) alerta para os riscos do uso prolongado e em doses superiores à recomendada de medicamentos que combinam codeína e ibuprofeno. Segundo comunicado do órgão emitido na sexta-feira, 30, podem ser graves os danos gastrointestinais e aos rins, podendo levar à morte do paciente.
"O comitê revisou vários casos de toxicidade renal, distúrbios gastrointestinais e metabólicos que foram relatados em associação com casos de abuso e dependência de codeína com combinações de ibuprofeno, alguns dos quais foram fatais", acrescentou o órgão.
As medicações que combinam um opioide (codeína) e um anti-inflamatório (ibuprofeno) são usadas para tratar a dor, mas o comitê observa que o seu uso repetido pode levar ao vício e ao abuso devido ao componente codeína.
Quando tomados em doses superiores ao recomendado ou por mais tempo, a codeína com o ibuprofeno pode danificar os rins, impedindo-os de eliminar os ácidos do sangue para a urina (acidose tubular renal). Além disso, o mau funcionamento dos rins também pode causar níveis muito baixos de potássio no sangue (hipocalemia), que, por sua vez, pode causar sintomas como fraqueza muscular e tonturas.
Medicamento com uso recreativo
A codeína, disponibilizada em comprimidos e xarope, é usada em um combinação com refrigerante e balas para produzir a droga 'purple drank', também chamado de 'lean', ou bebida roxa no Brasil. A mistura se tornou popular pela cultura hip-hop e por cantores de rap.
O efeito causado é de anestesia e sonolência. O interesse pela droga fez o comércio de receituário médico falso crescer ao redor do mundo, e comércio ilegal facilitou o acesso sem acompanhamento médico.
A demanda para uso recreativo é tanta que fez países como Portugal e Brasil restringirem o medicamento em forma de xarope e proibir a combinação de comprimidos com anti-inflamatório.