3I/ATLAS: dia decisivo para estudar o cometa está chegando (Филипп Романов/Wikimedia Commons)
Redação Exame
Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 07h56.
O cometa 3I/ATLAS, um visitante de outra estrela, está fazendo uma de suas últimas aparições antes de retornar ao espaço interestelar. Descoberto em meados de junho deste ano, o cometa passará a cerca de 167 milhões de milhas (269 milhões de quilômetros) da Terra nesta sexta-feira, 19, alcançando seu ponto mais próximo durante sua passagem pelo sistema solar.
Com um tamanho estimado entre 440 metros e 5,6 quilômetros, 3I/ATLAS está sendo monitorado de perto por telescópios espaciais da Nasa. No entanto, à medida que o cometa se afasta, ele está ficando mais difícil de observar. Por isso, astrônomos amadores têm uma janela limitada para vê-lo com seus telescópios antes que ele desapareça no céu.
O cometa se aproximará ainda mais de Júpiter em março, passando a 53 milhões de quilômetros do planeta gigante, mas sua jornada pelo sistema solar será breve. Até a metade da década de 2030, ele alcançará o espaço interestelar, sem perspectivas de retorno.
3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar conhecido a cortar o nosso sistema solar. Cometas como este, que vêm de outros sistemas estelares, são chamados de "cometas interestelares", em contraste com cometas como o Halley, que se originam das regiões mais distantes do nosso próprio sistema solar.
Detectado pelo telescópio de monitoramento de asteroides da Nasa no Chile, o cometa 3I/ATLAS pode ter vindo de um sistema estelar muito mais antigo que o nosso, tornando-o um objeto de estudo fascinante para os cientistas. Apesar de seu interesse científico, os astrônomos asseguram que ele não representa nenhum risco para a Terra
As observações mais recentes desmentem essas suposições. Nas últimas, o radiotelescópio MeerKAT, localizado na África do Sul, detectou sinais de rádio vindos do cometa, segundo a revista The Wired.
Esses sinais estavam associados à presença de radicais hidroxila (OH), compostos químicos típicos em cometas do Sistema Solar. Eles formam quando o gelo da superfície do cometa vira gás ao ser aquecido pela proximidade com o Sol. Isso significa que o 3I/ATLAS está se comportando como qualquer outro cometa já conhecido pela ciência, mas com uma origem bem mais distante.
Com base em sua trajetória, os cientistas determinaram que o cometa veio da direção da constelação de Sagitário, região próxima ao centro da nossa galáxia, à Via Láctea. Isso sugere que o cometa foi ejetado de seu sistema estelar original, provavelmente por forças gravitacionais de uma estrela ou planeta gigante, e vagou pelo espaço interestelar por milhões ou até bilhões, de anos.
Para os pesquisadores, objetos assim são como "cápsulas do tempo" de outros sistemas estelares, oferecendo pistas sobre como planetas e cometas se formam em outras partes do universo.
O termo "alienígena" viralizou nas redes sociais não porque houvesse qualquer sugestão de vida extraterrestre, mas simplesmente porque o cometa é literalmente um "alien", vindo de fora do nosso sistema solar. Ainda assim, a nomenclatura ajudou a inflar as expectativas do público.
A Nasa mobilizou 12 instrumentos espaciais espalhados pelo Sistema Solar para observar o 3I/ATLAS, em uma coordenação inédita. As imagens mais próximas vieram de Marte, onde o Mars Reconnaissance Orbiter, a sonda MAVEN e o rover Perseverance fotografaram o cometa de 30 milhões de quilômetros de distância quando ele passou pelo planeta em setembro.
Missões de observação solar, como STEREO, SOHO e PUNCH, conseguiram rastrear o cometa quando ele passou atrás do Sol. Já as espaçonaves Psyche e Lucy, a caminho de suas missões para estudar asteroides, capturaram imagens de centenas de milhões de quilômetros de distância.
Até os grandes observatórios espaciais entraram em ação: o Telescópio Hubble observou o cometa em julho, seguido pelo Telescópio James Webb em agosto.
O dia mais aguardado desta visita cósmica será em 19 de dezembro deste ano, quando o cometa atingirá seu ponto de maior aproximação da Terra. Apesar disso, não haverá risco de colisão: ele passará a uma distância segura, permitindo observações privilegiadas. Astrônomos estimam que o brilho pode aumentar nesse período, possibilitando registros detalhados de sua composição e comportamento.
Observações posteriores descartaram qualquer risco de impacto nos próximos 100 anos, mas a passagem de 2029 continua sendo um evento histórico. O asteroide será visível a olho nu em algumas regiões do globo.
Após essa passagem, 3I/ATLAS seguirá sua rota de saída. A partir de 2026, o cometa deixará gradualmente o Sistema Solar, acelerando rumo ao espaço. Sua despedida marcará mais um capítulo na ainda curta lista de visitantes vindos de outras galáxias.
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