Estados Unidos: 2 milhões de pacientes com plano de saúde particular foram analisados na pesquisa (Michael Nagle/Bloomberg)
Laura Pancini
Publicado em 15 de junho de 2021 às 11h29.
Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que 23% de 2 milhões de pacientes infectados com o coronavírus no ano passado tiveram sintomas de longo prazo (ou 'covid longa', como vem sendo chamada) e buscaram tratamento médico para tratar as novas condições.
A pesquisa foi feita pela FAIR Health, organização sem fins lucrativos que rastreou os registros de seguro saúde dos 2 milhões de pacientes.
Até então, é o maior estudo já realizado sobre covid longa em pacientes. A empresa disse que a análise foi avaliada por um revisor acadêmico independente, mas ainda não foi formalmente revisada por pares.
“A força deste estudo é realmente seu tamanho e sua capacidade de olhar através da gama de sintomas da doença em diversos grupos de idade”, disse a Dra. Helen Chu, professora da University of Washington School of Medicine, que não participou do relatório.
Ao mesmo tempo, o estudo da FAIR Health pode ter tido algumas variáveis que impactaram os resultados apresentados. O banco de dados, por exemplo, incluiu apenas norte-americanos com plano de saúde particular, excluindo aqueles que não são segurados por programas de saúde do governo.
Além disso, sintomas como hipertensão ou colesterol alto já podiam estar presentes no paciente antes da infecção por covid-19 (sem que os infectados soubessem ou buscassem tratamento). A pesquisa também excluiu pacientes com certas condições pré-existentes graves ou crônicas, já que seria "difícil separar seu estado de saúde anterior dos sintomas pós-covid", disseram os pesquisadores.
De acordo com o estudo da FAIR Health, os pacientes analisados relataram os seguintes problemas:
Vale ressaltar que os sintomas descritos acima são apenas os relatados no estudo. Alguns pacientes já afirmaram ter sintomas como perda de olfato, queda de cabelo e mais.
No estudo, mais de 5% dos pacientes analisados (ou quase 100.000 pessoas) relataram ter dor, incluindo inflamação dos nervos e músculos. Outros 3,5% descreveram ter dificuldades respiratórias como falta de ar.
Quase 3% procuraram tratamento para sintomas como mal-estar e fadiga, que pode incluir "névoa cerebral" e exaustão após atividade física ou mental. Além disso, especialmente adultos entre 40 e 50 anos relataram colesterol alto (3%) e hipertensão (2,4%), de acordo com o relatório.
O estudo concluiu que até pessoas assintomáticas, ou seja, que não apresentaram sintomas da doença, foram em busca de atendimento médico. “Uma coisa que nos surpreendeu foi a grande porcentagem de pacientes assintomáticos que estão nessa categoria de covid longa”, disse Robin Gelburd, presidente da FAIR Health.
Mais da metade dos 2 milhões de pacientes não relataram sintomas de infecção, enquanto outros 40% tiveram, mas não precisaram ir ao hospital. Apenas 5% foram hospitalizados.
“Há algumas pessoas que podem nem saber que tinham covid”, disse Gelburd. “Mas, se continuarem a apresentar algumas dessas condições incomuns em seu histórico de saúde, pode valer a pena uma investigação mais aprofundada por parte do profissional médico com quem estão trabalhando.”